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76 anos produzindo petróleo

ACB OPINIÃO Nº 290

  • 18 de dezembro de 2017 - 09:52

    Adary Oliveira – Presidente da ACB

O ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, esteve nesta quinta-feira (14/12) em visita ao poço C-01, em Candeias, para comemorar os 76 anos de operação contínua do primeiro poço comercial de petróleo, apontando o início da produção de óleo na Bacia do Recôncavo e no Brasil. A visita do ministro aos campos baianos, que já chegou a produzir 150 mil barris por dia (bpd), e que hoje produz apenas 32 mil, é uma demonstração clara do desejo do governo de intensificar a produção de petróleo e gás natural em terra, desta vez liderada por empresas privadas de todos os tamanhos, nacionais ou estrangeiras.

O petróleo produzido onshore é de melhor qualidade, tem custo inferior ao produzido no mar e, no Brasil, representa apenas 5% da produção, enquanto no mundo esse porcentual é de 70%. Estranhamente, o petróleo só é explorado em apenas 4% das áreas sedimentares do Brasil, o que é muito pouco. Países menores que o nosso, como Colômbia e Equador, produzem muito mais.

Além das pesquisas que levaram a descoberta de petróleo em Lobato, em 1939, a procura pelo ouro negro se deu em outros sítios de Salvador e poços foram perfurados na Península de Itapagipe, precisamente na Av. Luiz Tarquínio, na Massaranduba, na Penha, no Largo do Papagaio, voltando-se depois para as ilhas de Santa Luzia e Joanes. Estudos geológicos e análises sísmicas reorientaram as pesquisas para o Recôncavo e foram feitos furos em Pasto de Fora, Restinga, Candeias, Aratu, Itaparica, Aliança, Pitanga, Mata de São João, Maracangalha e Camaçari. O poço Candeias 1 começou a produzir óleo no dia 14 de dezembro de 1941 e nos primeiros dias de operação chegou a produzir 34 bpd, volume excepcional para a época, principalmente por se tratar de um óleo leve, parafínico e de baixo teor de enxofre. Hoje é um símbolo histórico e monumento nacional com produção de apenas 4 bpd, com incríveis 76 anos de operação contínua. As investigações se expandiram pelo Recôncavo e hoje são cerca de 2.000 poços perfurados em mais de 80 campos produtores.

A quebra do monopólio da exploração de petróleo no Brasil completou 20 anos e precisa ser estendida para os pequenos operadores. Nos Estados Unidos mais de 20 mil desses petroleiros são responsáveis por parcela expressiva da produção. Lá existem mini refinarias de pequenos empresários que com seus caminhões próprios, certificados pelo governo, recolhem óleo na boca do poço desses produtores independentes. Muitas vezes pequenas refinarias são montadas por meio da compra de torres de destilação desativadas, que após recuperação são montadas e passam a operar com baixo custo de investimento. Uma refinaria com capacidade de processar 2.500 bpd, semelhante a uma dessas norte americanas, encontra-se em operação no Polo Industrial de Camaçari, pronta para ser ampliada. Em Alberta, no Canadá, existem cerca de 1.500 pequenos e médios produtores de petróleo. O exemplo de Alberta poderia ser repetido no Brasil, principalmente na região Nordeste, onde existem milhares de poços desativados ou mesmo abandonados, de onde seria possível a extração do óleo dos campos maduros. Eles poderiam ser explorados por pequenas e médias empresas de custo inferior ao das grandes companhias.

A decisão recente da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) de ofertar poços devolvidos para nova exploração, de modo permanente, é, sem dúvida, uma medida alentadora para a retomada da produção desse mineral nos campos terrestres da Bahia. Nos tempos de crise não se pode descartar a realização de novos negócios, muito menos dos mais produtivos, como é o caso do petróleo e gás natural.

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