Os três principais bancos estatais, o Banco do Brasil (BB), o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a Caixa Econômica Federal (CEF) têm sido os protagonistas das principais políticas públicas do governo brasileiro ao longo dos anos. Por essas instituições fluem volumes consideráveis de recursos para aplicações na evolução da agricultura e pecuária, nos investimentos relacionados com o crescimento e modernização da indústria e nos esforços para eliminação do déficit habitacional, saneamento básico e infraestrutura.
Pelos resultados que o Brasil está colhendo, mantendo a liderança mundial no plantio de café e açúcar, ultrapassando os Estados Unidos na produção de soja, liderando as exportações de carne bovina e de frangos e apresentando ganhos de produção e produtividade no algodão, entre outras especialidades, podemos dizer que o BB, dos três, é o que mais chega perto de seus objetivos. Embora seja criticado pela liberação de alguns créditos agrícolas com atraso, manutenção de desnecessárias exigências burocráticas e de ser por demais exigente quanto às garantias, sem falar no custo elevado do dinheiro quando comparado aos bancos congêneres a nível mundial, não se pode negar a eficácia de seu trabalho. O vasto território nacional de terras agricultáveis e a exuberância dos resultados das instituições de pesquisa, são seus principais aliados. Tudo começou com o “em se plantando tudo dá” da carta de Pero Vaz de Caminha, passando pelo “plante que o governo garante” do período de ditadura militar, aos avanços tecnológicos e vitrines de tecnologias da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Isso tudo puxado pela população mundial que não deixa de projetar crescente demanda por produtos primários.
Não se pode negar os esforços do BNDES diante de sua tarefa de industrializar o País. Apesar dos bons resultados obtidos no aumento da produção de celulose e papel, estabelecendo extraordinária vantagem comparativa com uso do eucalipto como matéria prima, a substituição de importação de metais não ferrosos, com vitórias na obtenção de alumínio, cobre, zinco e diversas ferroligas, a expansão dos frigoríficos, a instalação de promissora indústria química e petroquímica, o fortalecimento dos fabricantes de bens de capital, as portentosas instalações na produção mineral e o crescimento da fabricação de fertilizantes, não se pode dizer que os resultados foram plenamente atingidos. O Brasil não consegue progredir na indústria, principalmente nos setores que exigem tecnologia de ponta e, por não ser competitivo internacionalmente, não consegue frear a desindustrialização. Os investimentos em pesquisa não são suficientes para garantir a melhora científica, a tecnologia importada é cara e chega com atraso, e a baixa incorporação de inovações nos coloca na zona do rebaixamento.
Das três instituições financeiras governamentais a CEF é a que mais está diante de déficits insuperáveis e crescentes. Habitação, saneamento básico e infraestrutura têm sido um enorme desafio. As necessidades de investimento no setor são por demais conhecidas. Entretanto, para se atingir os objetivos deve-se procurar melhorar as ações. Se o Tesouro Nacional, principal supridor de recursos, não está dando conta do recado, que se busquem outras fontes, aqui ou nos financiadores instalados na Europa, Estados Unidos ou Ásia, onde há sobra de dinheiro. Se nas aplicações os mecanismos apresentam deficiências, por prática de juros elevados, exigência de garantias difíceis de conseguir, ou políticas regionais não adequadas, que se procure corrigir. Existe demanda, as empresas de engenharia sabem fazer e o setor é o que mais pode oferecer emprego no curto prazo. Os novos empregos puxam o consumo, fazem crescer a produção, eliminam a capacidade ociosa e geram novos investimentos. Dos três bancos apontados aqui a Caixa é a que apresenta a maior dívida social.