Estive em Salvador pela primeira vez em 1948 (se dizia desci para a Bahia). Saindo de Ruy Barbosa, onde eu residia com maus pais, peguei uma marinete e fui até Itaíba, distrito pertencente ao município de Itaberaba. De lá fui de trem até São Roque do Paraguaçu. De São Roque para Salvador viajei no vapor de Cachoeira. O que mais me chamou atenção em Salvador foi que bastava abrir a torneira e a água era abundante e os fogões não queimavam lenha e sim carvão vegetal. Os botijões de gás butano só chegariam às cozinhas soteropolitanas com a produção do GLP na Refinaria Landulpho Alves – RLAM,em Mataripe. As residências de Salvador estão sendo hoje preparadas para receber o gás metano encanado (GNP), distribuído em nosso Estado pela Bahiagás.
No mês de dezembro de 2016, de acordo com o Boletim da Produção de Petróleo e Gás Natural da ANP, foram produzidos 2.729.842 barris de petróleo por dia (bbl/d) e 111.772 mil metros cúbicos de gás natural por dia (Mm3/d) por 25 empresas que operam na exploração e produção (E&P) de petróleo e gás no Brasil. Na relação dessas empresas consta gigantes como a Petrobras, Shell e Statoil e pequenas como a EPG Brasil, Egesa, Leros e Severo Villares, com produção inferior a 5 bbl/d.
Desde a entrada em vigor da Lei Nº 9.478/1997, Lei do Petróleo, o setor passou a ser organizado com a inclusão de novas empresas, nacionais e estrangeiras, que passaram a atuar não só na exploração e produção como também no transporte, armazenamento e refino do óleo e gás. Na Bahia, além da Petrobras, já atuam 25 empresas na E&P e uma no refino, a Dax Oil. Esta última ainda é uma miniferinaria com a mesma capacidade que possuía a refinaria de Mataripe em 1950 quando começou a operar: 2.500 bbl/d.
O aumento da capacidade instalada nos diversos segmentos da indústria muitas vezes se dá aos poucos à medida que a demanda vai atingindo novos patamares e os negócios vão se firmando em níveis mais seguros e de menor risco. Assim, as companhias de petróleo independentes questão sendo atraídas para a Bahia, através do Projeto Topázio, da Petrobras, que realiza a transferência das concessões de exploração de campos maduros, e do Programa de Revitalização das Atividades de Exploração e Produção de Petróleo e Gás em Áreas Terrestres – REATE, lançado em 27.01.2017 em Salvador pelo ministro de Minas e Energia, contam hoje com dois compradores, um de petróleo e um de gás, além da Petrobras.
O óleo combustível refinado a partir do petróleo produzido nos campos da Bahia está sendo considerado de excelente qualidade, por ser dotado de alto poder calorífico e possuir baixíssimo teor de enxofre, elemento altamente poluidor responsável pela agressiva chuva ácida. Os consumidores industriais desse óleo, a exemplo das companhias processadoras de minérios e fabricantes de cimento, têm lhe dado preferência na geração de energia térmica. O baixo teor de enxofre recomenda, também, a transformação desse óleo em combustível para navios (bunker e diesel naval) muito fiscalizado pelas entidades ambientalistas em todo o mundo.
A participação do gás natural na matriz energética da Bahia é a maior do Brasil. O gás aqui é consumido como combustível na geração de calor e eletricidade, como matéria prima industrial e como redutor siderúrgico. É um combustível limpo, de alto poder calorífico. Além da produção de gás natural, transportado via dutos para as unidades de consumo, ele é recebido liquefeito na Baía de Todos os Santos onde está instalada uma unidade de regaseificação. Esta é conectada ao Gasene, gasoduto construído pela Petrobras, sendo por aí transportado para outras regiões do país.
A indústria do petróleo e do gás natural tem impactado positivamente a vida das nossas cidades. A partir de agora essa influência passa a ser exercida não apenas por uma única estatal monopolista, mas por dezenas de empresas privadas independentes que continuarão gerando empregos e riqueza enquanto o petróleo continuar sendo a principal fonte de geração de energia.
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