“Você já foi à Bahia, nêga? Não? Então vá! … Tudo, tudo n a Bahia faz a gente querer bem. A Bahia tem um jeito, que nenhuma terra tem!”.
Assim como muitas outras composições da música popular brasileira, a canção de Dorival Caymmi que cito acima retrata uma terra que entrou no imaginário de gente dos quatro cantos do mundo, que era atraída para cá em busca das suas belezas naturais, riquezas culturais e históricas, além da convivência acolhedora com um povo reconhecidamente festivo e tranquilo.
Hoje, porém, a nossa realidade é outra e temos pouco a comemorar quando o assunto é acolhimento e tranquilidade. O Anuário de 2022 do Fórum Brasileiro de Segurança Pública nos mostrou uma Bahia em situação preocupante, abrigando quatro dos cinco municípios mais violentas do Brasil com população acima de 100 mil habitantes. E, o que é pior ainda, tudo isso acontecendo bem ao nosso lado, preocupando nossas famílias, prejudicando nossos negócios, assustando a população de bem, como assistimos diariamente nos jornais, TVs e, principalmente, nos grupos de mensagens.
Se antes as imagens que circulavam o mundo mostravam uma Bahia do Pelourinho mágico e encantador, das praias paradisíacas e convidativas, do maior Carnaval do planeta, do clássico BA x VI na Fonte Nova com as torcidas se misturando com suas cores e vibrações, hoje a tristeza nos invade diante de facções criminosas fortemente armadas enfrentando as forças policiais, avançando sobre cidadãos e empresas, comércios fechando suas portas, escolas sem aulas, guerras de torcidas, turistas deixando de nos visitar.
Para encontrar soluções efetivas para combater a violência que assusta baianos e turistas, precisamos inicialmente reconhecer a origem desta situação. Um exercício que, certamente, nos colocará diante de múltiplas causas que nos levaram a esta situação caótica e de precariedade social, incluindo políticas públicas e ações institucionais equivocadas e ineficientes, distanciamento da sociedade civil das instâncias de poder e decisão, além dos problemas estruturais históricos, como educação, saneamento básico e acesso à justiça, por exemplo.
Um caminho seguro para soluções efetivas envolve a busca pelas melhores análises e propostas, em uma ação conjunta e integrada entre órgão e autoridades públicas, poder Judiciário, as entidades da sociedade civil organizada, setor empresarial, veículos de imprensa, pesquisadores e acadêmicos, e, não menos importante, com a contribuição de cada cidadão que acredita no poder da participação transformadora.
Na Associação Comercial da Bahia criamos um Núcleo de Segurança Pública que tem a missão de contribuir para o enfrentamento dessa realidade, com sugestões e acompanhamento de medidas que busquem a redução da violência e a promoção da segurança para os baianos e todos que aqui queiram viver, passear ou investir.
De forma harmoniosa, participativa e propositiva, buscaremos ações que tragam resultados positivos, e devolvam à Bahia o título de “terra da felicidade”.