Meu contato com a TV começou quando eu tinha oito anos e a Aratu exibia “Pantanal”, novela de grande sucesso. Juma Marruá, interpretada por Christiane Oliveira, enchia a tela quando se transformava em onça. Eu gostava tanto que me deram esse apelido na família. Foi quando entendi que o trabalho de meu pai tinha ligação com aquele mundo mágico. Na época, eu achava chato esperar o fim do jornal local, mas percebia que, para os adultos, era um dos momentos mais importantes do dia. “TV Aratu, canal 4. Salvador meu amor, Bahia”. Eu nem era nascida quando o jingle nasceu, mas me impressiono com a reação que provoca até hoje nas pessoas. Nessa época a Aratu chegou a dar 100% de audiência em uma novela da Globo. Na Aratu, os baianos viram o homem pisar na lua e acompanharam a campanha das Diretas.
Imaginar como estará a TV daqui a 50 anos traz sensações diversas. Um misto de coração acelerado, boca seca, vontade de acertar. A incerteza está presente para todos que trabalham nos bastidores e na frente das câmeras. Viver esse momento de mudanças intensas, que já vinham acontecendo antes mesmo da pandemia e agora se aceleram, é desafiador. É preciso inovar para sobreviver e não apenas para surpreender.
Se o futuro não chega nunca, o agora é o momento de realizar. A Aratu, hoje com 50 anos, tem na sua cultura um valor importante: flexibilidade. Sabemos nos adaptar. Vejo a emissora como líquido preenchendo um recipiente. Não importa qual seja a forma, saberemos preencher. Essa característica é essencial para a sustentabilidade das empresas. Inovamos ao criar programação exclusiva para internet. Surpreendemos ao desenvolver a tecnologia que possibilita colocar um programa ao vivo na madrugada, com apenas uma pessoa operando e apresentando. Fomos criativos quando usamos um drone para mostrar as notícias da cidade em tempo real.
Se antes a mágica estava em produzir o conteúdo para as pessoas, hoje está em colocar na tela o conteúdo produzido por todos. Criamos o primeiro jornal colaborativo, feito com a participação da comunidade. Os baianos são nossos repórteres e a TV Aratu é o veículo onde eles podem ter sua voz amplificada. O charme agora é ser colaborativo e abundante. É fazer todos se sentirem parte da família Aratu. Sim pai, você está bem atual: trabalhar com televisão continua sendo um charme.
*CEO Grupo Aratu – Presidente da Associação Baiana do Mercado Publicitário (ABMP)