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A vida começa aos 40

ACB OPINIÃO 311

  • 04 de julho de 2018 - 10:22

Adary Oliveira – Presidente da ACB

A implantação de um complexo petroquímico em Camaçari resultou em importante processo de modificação da estrutura de produção da Bahia. Se antes do Polo a economia era agroexportadora, depois dele a indústria cresceu a tal ponto de ser responsável pela dinamização da região, acarretando expressiva influência sobre a sociedade. O prestígio do Polo na economia baiana foi sentido logo no ano do início de funcionamento de suas primeiras fábricas. Em 1980, dois anos depois, a participação da Indústria de Transformação superou a todas as demais classes de atividade econômica na geração do Produto Interno Bruto (PIB).

Além da contribuir com uma variada gama de insumos industriais, Camaçari passou a ofertar energia elétrica de boa qualidade com diversas tensões; vapor de alta e baixa pressão; água bruta, potável e desmineralizada; gases industriais diferentes; moderno sistema de comunicações; proteção ambiental com tratamento de efluentes, monitoramento do ar e do lençol freático; portos e complexo viário; e, o mais importante, disponibilizou mão de obra qualificada para a indústria. Reuniu num só lugar atrativos de investimentos que o transformou no maior complexo industrial integrado da América Latina, abrangendo setores importantes como químico, petroquímico, automobilístico, metalúrgico, energético e serviços diversos.

Os dois maiores desafios enfrentados por Camaçari foram, sem dúvida, a constituição de empresas brasileiras que iriam comandar organizações de elevada complexidade e, o treinamento da mão de obra altamente especializada para operar unidades industriais de transformação química, usuária de tecnologia de ponta das mais sofisticadas. Os empresários foram recrutados entre banqueiros, empreiteiros, mineradores, papeleiros e do agronegócio. Os técnicos de nível médio foram treinados para desempenhar função de eletricistas, mecânicos, operadores de processos, instrumentistas, laboratoristas e a se acostumarem a trabalhar num sistema de rodízio de turnos, durante a noite e o dia.

Embora o Polo Petroquímico tenha trazido para a Bahia uma melhora substancial na sua economia, fortalecendo o Estado, ampliando a oferta de empregos, organizando e vigorando o sindicalismo operário e patronal, não se obteve a esperada expansão da indústria de transformação petroquímica, sendo considerados acanhados os investimentos nesse segmento industrial. Verdade que a Prefeitura de Camaçari até se esforçou implantando o Polo de Plásticos, mas os resultados ficaram muito aquém do que se desejava. A maioria dos produtores finais de plásticos, elastômeros, têxteis, tenso ativos, fertilizantes, tintas, esmaltes, cosméticos e vernizes, que deveriam ter sido atraídos pela maior oferta de matérias primas, preferiram ficar nas proximidades dos mercados consumidores das regiões Sul e Sudeste e número diminuto veio para cá.

A pequena vila de Camaçari, com seus 15 mil habitantes, se transformou em cidade de 300 mil residentes, prosperando como centro turístico e de moderna infraestrutura urbana. O resultado não foi melhor porque, diante de um contingente enorme de desempregados, a simples notícia de implantação do Polo atraiu inúmeros trabalhadores sem qualificação profissional para serem absorvidos pelas petroquímicas, o que acabou gerando um aumento gigantesco da demanda por serviços públicos.

No momento em que se comemora os 40 anos do Polo, deve-se refletir sobre seu avanço, procurando a adoção de medidas que aperfeiçoem o funcionamento do parque industrial, perpetuem as empresas ali instaladas, e continue a gerar riqueza e, sobretudo, novos empregos. Com a experiência que tem, aprimorando seus acertos e minimizando seus erros, poderá contribuir muito mais para o desenvolvimento da região, mesmo porque, a vida começa aos 40.

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