Adary Oliveira – Presidente em Exercício da ACB – Doutor em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona, Espanha
O horário de verão volta a ser estabelecido com o objetivo de melhor aproveitar a luz solar, nesses tempos de escassez de água nos principais reservatórios que garantem o funcionamento das usinas hidrelétricas. Estima-se que a medida seja capaz de reduzir em 5% o consumo de energia elétrica usada na iluminação artificial, o que significa substancial economia para os consumidores e melhor desempenho das distribuidoras na hora do pico. Recomenda-se tal procedimento para as regiões distantes da Linha do Equador quando no verão os dias se tornam mais longos e as noites mais curtas. A localização intermediária da Bahia, que antigamente era considerado estado situado na Região Leste e hoje está incluída na Região Nordeste, e a sua não inclusão no horário de verão pelo Governo do Estado, gera anualmente acirrados debates sobre o tema.
O horário de verão começa a vigorar no terceiro domingo do mês de outubro coincidindo neste ano com o dia 15, indo até 18 de fevereiro de 2018. Nesse em Salvador dia o sol nasce às 5h 8min e nasceria às 6h 8min se fosse adotado aqui o horário de verão, exatamente no mesmo horário em que o sol nasceu no dia 15 de julho. Na prática o que se faz é ajustar o ponteiro do relógio para o nascer do sol de três meses atrás.
Quando o horário de verão é adotado nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste e a Bahia fica fora, são criadas no cotidiano situações de desconforto difíceis de superar. São mudados os horários dos programas de televisão, o horário de funcionamento das agências bancárias, a marcação dos horários dos voos domésticos e internacionais e a necessidade de compatibilização de outros serviços com o “horário de Brasília”.
Em relação ao uso de computadores, existem sistemas críticos que são impactados com a mudança de horário, havendo necessidade de se proceder desligamentos durante as atualizações de horários para que sejam evitados problemas internos nos programas.
A indústria manufatureira da Bahia, fabricante preponderantemente de bens intermediários que abastecem consumidores do Sul e do Sudeste, enfrenta uma diferença de duas horas por dia, criando dificuldade na relação fornecedor/cliente e no uso da rede bancária, inclusive no fechamento das operações de câmbio.
Os empresários do setor de turismo estão convictos de que o dia mais longo faz crescer a atratividade dos visitantes que procuram a Bahia para frequentarem suas praias e serem atendidos pelos serviços de hotéis, bares, restaurantes e entretenimento, disponíveis por tempo maior se adotado o horário de verão.
Os que defendem a não inclusão da Bahia no horário de verão falam dos trabalhadores que teriam de acordar mais cedo para enfrentar o batente, como se não fizessem isso em julho e dos velhinhos que passariam por sacrifício maior no despertar, como se os mais idosos não necessitassem de menos tempo de sono para recuperação de suas energias. Outros dizem que o “horário novo” facilitaria a ação dos assaltantes, que preferem agir ao raiar do dia, contrariando as estatísticas que apontam o contrário. No sertão da Bahia o povo prefere manter o relógio no “horário de deus”, apesar de seguir a luz do sol para seu despertar, acordando mais cedo com ou sem horário de verão.
Polêmica à parte, em um país onde se tem eleição ano sim ano não, o governo prefere atender a reivindicação dos sindicatos obrais, supostamente abalizados em pesquisas de opinião. De qualquer maneira, a integração do Estado com o núcleo central do País, mantem sua economia mais fortalecida, contrapondo-se ao enfraquecimento econômico decorrente do desgarramento.
Adary Oliveira – Presidente em Exercício da ACB – Doutor em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona, Espanha