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Casa, comida e roupa lavada

ACB OPINIÃO 364

  • 23 de maio de 2019 - 09:07

Adary Oliveira – Presidente da ACB

As aspirações de um brasileiro comum, que não consegue alcançar a classe média do país, estão entre as necessidades fundamentais da “teoria da motivação humana” proposta pelo psicólogo americano Abraham Maslow (1908-1970) ao descrever a hierarquia das necessidades na forma de uma pirâmide. As consideradas fundamentais (respiração, água, comida, dormir, vestuário e abrigo) são colocadas na parte inferior e as de segurança (pessoal, emocional, financeira, saúde e bem-estar), agrupamento social, autorrealização e autotranscedência, no topo.

O Brasil, classificado como país emergente, se caracteriza como grande exportador de bens primários e tende a permanecer por muito tempo nesta posição. Ultrapassou os Estados Unidos na produção de soja, caminha para ser o maior produtor de milho, ocupando menos de 10% de seu território com a produção agrícola. A pecuária, que preenche apenas cerca de 20% do seu território, torna o Brasil o maior exportador de carnes do mundo, principalmente de bovinos e frango. Com o crescimento populacional do planeta que assistimos hoje, o mundo vai ter de vir aqui se abastecer de alimentos. No quesito comida, embora parcela enorme de brasileiros não se sinta satisfeito com sua dieta, o Brasil é e será o principal supridor mundial.

Em relação à casa, da trilogia brasileira, destaca-se como principal material usado em suas construções o aço, uma liga de ferro e carbono. Os vergalhões das construções e o os vigamentos estruturais são feitos de aço. Os outros materiais da construção civil, cimento, areia, tijolo, cal, madeira etc., são de produção local e pouco exigentes em tecnologia de ponta. No Brasil, as principais reservas de minério de ferro estão localizadas no Pará. Carajás é a maior província mineral do mundo. A Vale é a segunda maior exportadora de concentrado de minério de ferro do planeta.

O país que mais produz aço no mundo é a China, com mais de 600 milhões de toneladas por ano (t/ano). Os Estados Unidos é o maior importador e produz pouco mais de 80 milhões de t/ano. O 2º maior produtor de aço é o Japão com pouco mais de 100 milhões de t/ano. O Brasil é o 9º maior, com cerca de 35 milhões de t/ano. As reservas de minério de ferro da China são maiores do que as do Brasil, mas seu minério é pobre, contendo apenas 20% desse metal, tornando sua concentração muito dispendiosa. Como a população do mundo não para de crescer, cada dia se precisa de mais casas para morar e a construção civil é o setor que mais puxa o consumo de aço. Resumo da história: os produtores de aço terão de vir comprar minério de ferro aqui para suprirem os construtores de edifícios e moradias.

Quanto à roupa lavada, não somos os grandes fornecedores de nylon (substitui a seda), nem do acrílico (substitui a lã), mas somos grandes exportadores de algodão, fio têxtil que o poliéster não consegue substituir, perdendo no preço e na qualidade. O Brasil produz 1,6 milhão de t/ano de algodão sendo o 5º maior produtor mundial, atrás da China (6,8), Índia (5,3), Estados Unidos (3,6) e Paquistão (2,0). O município de São Desiderio, na Bahia, é o maior produtor nacional de algodão e seu distrito Roda Velha o campeão na produção e produtividade.

As exportações de commodities agrícolas são mais vantajosas por serem renováveis. Os minérios são finitos e no longo prazo tendem a sumir. O Brasil não tem avançado na produção industrial de modo a tornar-se competitivo nas exportações, requerendo volume maior de aplicações em pesquisa e absorção de inovações. Entretanto, enquanto o noticiário nacional se ocupa dos acontecimentos de Brasília, onde se discute reforma da previdência, contingenciamentos orçamentários, aperfeiçoamentos tributários e novas leis criminais, o setor primário da economia continua trabalhando para garantir o sustento dos brasileiros e contribuindo para que o Brasil e o mundo angarie, cada dia mais, melhores condições de vida, com casa, comida e roupa lavada.

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