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Como gastar o 13º salário? Especialistas dão dicas para cada caso

Primeira parcela deve entrar na conta até a próxima quinta (30)

  • 28 de novembro de 2017 - 13:09

O final de novembro é também conhecido, por boa parte dos trabalhadores brasileiros, como o mês do alívio. É quando, além do salário habitual, cai na conta a primeira parcela do 13º. Para uns, é o momento de se livrar daquele aperto no bolso. Para outros, a oportunidade para comprar aquele item sonhado durante o ano todo. Para não cair em cilada e aumentar a dívida – em vez de diminuir, educadores financeiros ajudam a gastar com consciência o benefício.

Somente na Bahia, aliás, a previsão é que o 13º caia na conta de R$ 4,7 milhões de trabalhadores, que têm direito a recebê-lo conforme determina a  Lei 4.749/1965. Segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), a gratificação de fim de ano injetará R$ 8,57 bilhões na economia baiana.

Com o dinheiro extra na conta, é grande a tentação de sair gastando por aí. Mas, para aproveitar o 13º da melhor forma, o segredo é planejar bem o seu uso, segundo revela o contador e educador financeiro Welington Ferraz.

“A pessoa tem que fazer um diagnóstico da sua situação financeira e ver os compromissos que tem a pagar. ‘Quais meus compromissos? Devo ao banco? À operadora de cartão de crédito? Ao mercadinho de bairro?’ Ele deve sanear essa parte para voltar a respirar. A melhor coisa é se livrar da dívida”, aconselha.

Leia também: Tire as principais dúvidas sobre o 13º salário

Quitados os débitos, o próximo passo é ver quais são as despesas de início de ano e separar uma parte do salário extra para pagá-las, como IPVA, IPTU, a matrícula dos filhos ou livros didáticos. Em Salvador, por exemplo, o pagamento do IPVA feito até fevereiro pode render um desconto de 10%.

A planejadora financeira Fernanda Prado recomenda que os gastos de início de ano entrem no planejamento com o 13º. “Quem tem filho tem gastos a mais, tem pagamento de matrícula escolar, material escolar que as pessoas costumam comprar no começo do ano. Se não tiver esse hábito, vale a pena reservar”, diz.

Se for possível, uma dica importante é adiantar o pagamento de prestações, como de financiamentos de carros, motos ou da casa. Mas atenção: só é vantajoso fazer isso caso o credor ofereça algum abatimento no valor da parcela.

“Se não tiver desconto, o ideal é aplicar esse dinheiro. Pode ser até numa poupança, que rende 0,3, 0,4 ou 0,5, mas aquilo vai dar uma remuneração. O pouco constante é sempre bom”, recomenda Ferraz.

De olho no futuro
Quem está de bem com as finanças pode usar a gratificação de fim de ano para aplicar em algo que lhe dê retorno ou, simplesmente, poupar. É o que vai fazer a administradora de empresas Juliana Fernandes, 32 anos, que decidiu investir o valor do 13º salário.

“Estou mobiliando um imóvel que comprei recentemente para alugar por temporada na praia de Itacimirim”, diz. Ela conta que costumava gastar o dinheiro extra do fim do ano com supérfluos, como lazer, viagens, vestuário. Mas, este ano, decidiu mudar. “Mudei de ideia com o amadurecimento e a vontade de diversificar rendimentos, não ficar somente no salário que recebo na empresa que trabalho”, revela.

O investimento em imóveis, entretanto, não é recomendado para todos os perfis de trabalhadores. O mesmo pode se dizer do investimento em ações, mais adequado para pessoas que entendam desse tipo de negócio. Para os leigos,  é melhor investir em poupança ou em outro investimento simples, como Tesouro Direto.

Vale lembrar que o Tesouro Direto, embora esteja ‘em alta’ nos últimos tempos, é recomendado apenas para quem não tem urgência em retirar os rendimentos. Se a pessoa precisar do dinheiro em curto prazo, como em três ou quatro meses, o ideal é ficar com a poupança.

Merecimento
Como ninguém é de ferro, não tem problema usar o décimo terceiro para satisfazer um desejo pessoal. “O trabalhador não tendo dívidas, pode reservar a quantia para realizar sonhos que ele tenha, como a compra de um carro ou de uma televisão. Se ele trabalhou o ano inteiro, merece essa recompensa, desde que não comprometa todo o pagamento”, recomenda Welington Ferraz, acrescentando que é prudente reservar cerca de 30%.

A planejadora financeira também abre espaço para aquela recompensa pessoal. “A gente não recomenda que a pessoa viva em função de pagar dívidas. Às vezes,  quero viajar com minha filha. Se estou conseguindo honrar todos os meus compromissos, esse pode ser o momento de ter mais qualidade de vida”, pondera.

Se o destino do 13º, portanto, é comprar, melhor dar prioridade ao que planejou e não sair comprando por impulso.

A servidora pública Jaqueline Santos, 36, pretende se recompensar neste fim de ano e gastar o 13º com objetos pessoais, como roupas e calçados.

“Como este ano foi mais complicado para a economia, evitei fazer grandes dívidas, então ficou tranquilo para gastar só comigo. Não faço isso durante o ano, deixo para o final”, conta.

Em outros anos, ela não teve o mesmo privilégio. “A primeira coisa que faço é pagar as dívidas e depois ver o que ficou para gastar comigo, afinal merecemos”, comenta.

A servidora pública Jaqueline Santos diz que vai comprar objetos pessoais (Foto: Arisson Marinho/CORREIO)

Falando em compras, se o bem a ser adquirido for de maior valor, como um televisor ou celular, vale a pena usar o 13º para quitar a compra à vista. Se não houver diferença no valor à vista ou a prazo, a regra é colocar o dinheiro na poupança e ir retirando mensalmente o valor das parcelas.

Especialistas dizem como gastar o 13º, a depender do seu caso:

  • Pague, em primeiro lugar, suas dívidas: com o banco, cartão de crédito, mercadinho. É melhor se livrar logo do aperto

  • Adiante prestações que podem ter algum abatimento, como a parcela do carro, do apartamento ou até o IPVA

  • Pague a matrícula da escola dos seus filhos, o material escolar, gastos que são comuns no início do ano

  • Reserve, aplicando na poupança, no Tesouro Direto ou em outros investimentos, caso você tenha experiência

  • Se você não tem dívidas, nem filhos, nem prestações que podem ser adiantadas, pode se presentear, gastar um pouco com si mesmo, comprar algo que deseja ou até aproveitar para fazer alguma viagem

Comércio espera aumento de vendas de até 6%
Após os últimos ans de crise financeira no Brasil, o comércio baiano espera por um resultado positivo nas vendas de final de ano, principalmente de olho no 13º salário, que começa a ser pago na próxima quinta-feira (30). Segundo o superintendente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Salvador (CDL Salvador), Silvio Correia, a expectativa é que o resultado das vendas seja de 5% a 6% superior ao constatado no final do ano passado.

“A gente vem numa corrente positiva. Todas as informações que a gente tem recebido dos institutos econômicos têm sido muito positivas em relação ao mercado. O crescimento da economia é uma realidade”, justifica Correia.

O pagamento do 13º salário (incluindo o de trabalhadores ativos e aposentados) vai injetar R$ 8,57 bilhões na economia baiana até o final do ano, segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). “Isso tem um impacto muito forte para a gente, significa quase 3,5% do PIB baiano”, comemora o superintendente da CDL em Salvador.

O ânimo dos comerciantes pode ser impulsionado, ainda, pela disposição dos brasileiros em ir às compras neste final de ano. Uma pesquisa realizada pelo SPC Brasil e CNDL concluiu que cinco em cada dez brasileiros pretendem usar o 13º salário nas compras de Natal.

Fonte: Jornal Correio da Bahia.

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