Waldeck Ornélas é especialista em planejamento urbano-regional e ex-secretário do Planejamento, Ciência e Tecnologia da Bahia.
Assim como a Lua, Camaçari tinha uma face oculta. Sempre destacado como “Capital Industrial do Nordeste”, por ser sede do maior complexo industrial integrado do Hemisfério Sul, ter o segundo maior PIB da Bahia, o quarto do Nordeste e o 38º do país, o município conta também com 42km de litoral, onde as localidades de Busca Vida, Jauá, Arembepe, Jacuípe, Genipabu, Guarajuba e Itacimirim ostentam dezenas de praias da melhor qualidade.
É essa face do município que acaba de ser revelada em toda a sua grandeza, diversidade e potencialidade turística com o lançamento, pela Prefeitura Municipal, da Costa de Camaçari, uma nova forma de ver o que baianos e turistas de toda parte já usufruem, muitas vezes guardando-o egoisticamente como um pedaço do paraíso, mas que, a partir de agora, promete ganhar identidade e visibilidade. Abrangendo ações de infraestrutura, serviços e atividades, o programa reúne todos os ingredientes para transformar o litoral de Camaçari no “point” desse Verão baiano e visa colocá-lo como um destino turístico que venha a ser reconhecido nacional e internacionalmente.
Numa programação estruturada, nada menos que 66 eventos de cultura, gastronomia, esporte e diversão permearão todo o Verão 2018. Situada a apenas 10km do aeroporto internacional da Região Metropolitana de Salvador, o programa estima que a Costa de Camaçari receberá, nesse período, uma população flutuante de 102 mil habitantes. Já é um número expressivo, mas ainda muito baixo em relação ao imenso potencial que a área apresenta, a ser desenvolvido ao longo dos próximos anos.
Ao Polo Petroquímico, à indústria automobilística e ao Cimatec Industrial – que também está chegando – Camaçari agrega agora a sua face lúdica, cultural, esportiva e gastronômica. Tal como a Lua, dizia-se, é dos namorados, Camaçari quer ser dos turistas de todo o mundo.
Tendo se tornado área de veraneio principalmente, mas não só, dos soteropolitanos, a Costa de Camaçari conta com uma rede de hotéis, pousadas e restaurantes ainda incipiente, mas de qualidade, que certamente precisa ser ampliada e, sobretudo, complementada com equipamentos e serviços turísticos, para o que será essencial a atração de novos investimentos. Outlet, shopping centers e modernos supermercados integram o seu comércio. Interessante é que muitos a frequentam e curtem sem, no entanto, correlacionar com o município a que pertence.
Itacimirim e Guarajuba terão praias candidatas à certificação “bandeira azul”. Mas não apenas de sol e praia vive a Costa de Camaçari. Aí se encontra, por exemplo, a base do Projeto Tamar, responsável pelo mais expressivo número de desovas de tartarugas, com 180.000 filhotes a cada temporada, que será agora reaberta à visitação pública. A cultura se manifesta nas festas populares e religiosas e nas tradições históricas da Vila de Abrantes ou do quilombo de Cordoaria. E será implantado um Centro de Iniciação ao Esporte, base para a formação de atletas e o estímulo às atividades esportivas. Ademais, em 2018, comemoram-se os 50 anos da Aldeia Hippie de Arembepe, uma reminiscência do que foi, nesses trópicos, a Meca da contracultura, atraindo o imaginário dos alternativos de toda parte e que será transformada em museu a céu aberto.
É, sem dúvida, uma oportunidade ímpar para destacar, no vasto Litoral Norte da Bahia, esse trecho diferenciado, que reúne um conjunto de localidades e praias cada vez mais interligadas, prenunciando a formação de um extenso corredor de lazer e de turismo.
A Costa de Camaçari quer ser a sua praia.
Fonte: Jornal Correio da Bahia.