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Crime, punição e desenvolvimento

Joaci Góes

  • 27 de setembro de 2017 - 10:02

Com o anúncio da prisão do empresário Joesley Batista e da abertura de mais um inquérito demolidor para apurar crimes atribuídos a Lula, o dólar caiu e a bolsa de valores registrou o mais alto índice de sua história, numa demonstração prática e inequívoca de que o desenvolvimento econômico saudável é incompatível com a onda de corrupção que inunda a vida nacional, de um modo muitas vezes mais contundente do que todos os furacões que varrem o Caribe, a América Central e a Costa Leste dos Estados Unidos. Impressiona a relação linear crescente entre nível de educação dos povos, corrupção e desenvolvimento. Relativamente ao número de vidas perdidas, o número de assassinatos no Brasil, no mesmo período de ação dessas devastadoras forças naturais, tem sido algumas vezes superior.

O que se torna a cada dia mais evidente é que a corrupção se tornou um mecanismo inerente à Administração Pública, de tal modo que basta auditar para encontrar irregularidades escabrosas destinadas ao enriquecimento fraudulento de funcionários e detentores de frações de poder. Fica cada vez mais evidente que a CGU-Corregedoria Geral da União, presumivelmente criada para punir a corrupção, tem servido, de fato, para operar como cortina de fumaça protetora do assalto sistemático ao Erário, uma vez que não se admite tamanha cegueira diante da intensidade e extensão dos ilícitos que não cessam de escandalizar a opinião pública dos quatro cantos do Planeta. O dado mais recente aponta para estratosféricos dezoito bilhões de reais o valor que contribuintes e aposentados terão que arcar para cobrir o prejuízo de fundos de pensão, criminosamente utilizados para cevar o apetite insaciável dos que ganham para servir ao povo brasileiro.

Para sorte da sociedade, a vigilância da opinião pública, de um modo sem precedentes em nossa história, torna irreversível o avanço da Operação Lava Jato e seus filhotes, apesar do condenável e ostensivo propósito em contrário de personalidades de relevo na Administração Pública. A verdade que os fatos comprovarão é que as apurações avançam com a força das águas indomáveis na direção do mar, graças ao notável desempenho do Ministério Público Federal, da Polícia Federal e da Justiça Federal, por ora, de primeira instância. A avaliação detrimentosa que o delinquente contumaz Joesley Batista faz da cúpula dos três poderes, em diálogo gravado com um dos seus executivos, dá bem a dimensão do quanto decaíram nossas autoridades, em matéria de dignidade.

É imperioso que as apurações desçam ao nível dos estados e dos municípios, onde se delinque no varejo e no atacado, bastando que as autoridades policiais e do Ministério Público estadual se compenetrem dos seus deveres, frequentemente bloqueados pelo compadrio espúrio que se estabelece entre essas autoridades e titulares dos executivos locais. Na Bahia, por exemplo, há vários municípios em que crimes contra o Erário são do conhecimento geral, inclusive de membros do Ministério Público, sem que aparentemente nada se faça para barrar a insultuosa desenvoltura dos seus fautores.

Paralelamente ao processo punitivo dos grandes delinquentes, impressiona o festival de besteiras por eles protagonizado, numa espécie de desejo freudiano de punição, alimentando a velha discussão sobre quem imita quem, a vida ou a ficção, de tal modo se aplica a muitos dos episódios que vimos assistindo o drama vivido pelo jovem estudante Rodion Românovitch Raskólnikov, no clássico Crime e Castigo de Dostoiévski. Não falta, sequer, uma cena em que Raskólnikov, personagem que comete crimes para ocultar outros tantos, rouba algumas joias, mas, sentindo-se arrependido, enterra-as sob uma pedra, antes mesmo de desfrutar delas. Alguma semelhança com o que se passa no Brasil?

Se se mantiver o auspicioso padrão de combate à corrupção, não nos surpreenderá se o PIB brasileiro crescer, em 2018, entre quatro e cinco por cento, com a restauração de dois a três milhões de postos de trabalho, em grande medida proporcionada pela Reforma Trabalhista, tão condenada pelo populismo bolivariano.

Fonte: Jornal Tribuna da Bahia.

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