Mini Cacique Ele já recebeu o pintor argentino Carybé e era um dos locais favoritos do fotógrafo francês Pierre Verger. Localizado no centro da cidade, próximo à Praça Castro Alves, o Mini Cacique tem 43 anos. Sua especialidade? Comida caseira, feita em panela de barro. Para a fundadora, Caline Sena, o sucesso vem daí. “Aqui servimos comida de vovó. Tudo foi pensado para que o restaurante se pareça com uma casa”, conta a senhora de 82 anos. Caline explica que tudo começou com o seu marido, Luis Martinez Esteves. Durante 12 anos, ele foi gerente de um restaurante chamado Cacique, que funcionava no estacionamento do antigo Glauber Rocha. Após dois incêndios, o lugar fechou. “Ele foi demitido e decidimos criar o nosso próprio Cacique. Essa casa era bem antiga, a decoração foi toda feita por nós dois”, relata.
Responsável pela cozinha desde o início, Caline, apesar da idade, continua trabalhando todos os dias. É ela quem abre e fecha o restaurante, que funciona das 11h30 às 15h30, de segunda a sexta-feira. Apesar de ser a responsável pelos pratos, ajuda não falta: são mais 4 pares de mãos para auxiliar. E todos pertencem a mulheres. Há 30 anos na casa, Eunália Sena, irmã de Caline, cuida das sobremesas – doce de leite, creme-mármore e pudim. Só a receita desse último tem mais de 50 anos. “Essa é velha, veio do antigo Cacique”, conta Eunália. O segredo, claro, ela não diz. Já Zene Oliveira, 59, está lá há 18 anos. Marluce Castro, 52, e Adriana Silva, 31, se juntaram ao time em 2011.
No cardápio, filé acebolado, ensopado de carneiro, moqueca de ostra e outros pratos que custam, em média, entre R$35 e R$66. O cozido, especialidade da casa, é servido com fartura, acompanhado de pirão, arroz e um punhado de grão de bico. A porção serve duas pessoas e custa R$40. |
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Bella Napoli Na última sexta-feira (17), o restaurante fez 55 anos. Tudo começou em 1940, quando Francesco Sciarretto e Giuseppina Constantini saíram de Pescara, na região de Abruzzi, na Itália, para fugir da 2ª Guerra Mundial e tentar a sorte numa colônia agrícola em Itiruçu, a 329 km de Salvador. No interior também estava difícil e Seu Francesco resolveu trazer a mulher e os três filhos para Salvador. Abriram um restaurante italiano, coisa rara por aqui naquele tempo. “A gente não tem nada a ver com Nápoli, mas era a cidade italiana mais conhecida na época”, conta Anna Angelino, 80, filha mais velha do casal, que hoje cuida do restaurante ao lado do filho, Gian. Ela tinha 13 anos quando veio da Itália e 25 quando o primeiro Bella Napoli abriu, em 1952, numa casa alugada, na Rua Nova de São Bento. “Salvador não tinha rodoviária. Havia uma parada de ônibus para o sul da Bahia ali perto. Muita gente circulava, e a gente começou vendendo café da manhã e almoço”, recorda Anna. O lugar tinha capacidade para, no máximo, 25 pessoas (hoje conseguem atender, simultâneamente, até 120). Ela trabalhava em tempo integral com a mãe na cozinha. Os irmãos, Aurelio e Luigina, partiam para a jornada dupla assim que saíam dos estudos. Em 66, o imóvel foi a leilão e o pai dela conseguiu arrematar. Em 1996 abriram a unidade do Caminho das Árvores. Ambas funcionaram ao mesmo tempo até o ano seguinte. “Foi ficando difícil estacionar perto e havia muitos camelôs na frente, aí optamos pela Pituba”, conta Anna. Para ela, o sucesso foi puxado por dois fatores: o pioneirismo e o Filé à Parmegiana (R$ 86,80 para uma pessoa). “Não tinha cozinha italiana aqui. Também tem o filé à parmegiana, fomos o primeiro restaurante a trocar a tradicional beringela pela carne”, diz Anna. O prato até hoje é o carro-chefe do restaurante: eles vendem cerca de mil unidades por mês. Só de tomate, a cozinha consome 2 toneladas a cada 30 dias, segundo Gian, que coordena uma equipe de 45 funcionários. |
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Porto do Moreira É dominó, cerveja gelada, futebol na tela e conversa fiada. Quem mora no Dois de Julho com certeza conhece. Quem mora perto, também. Há 79 anos, o Porto do Moreira é um restaurante com cara de boteco. Tradicional, estava na lista dos restaurantes preferidos do escritor Jorge Amado. Hoje comandado pelos irmãos Moreira, Antônio de 72 anos e Francisco de 70, o estabelecimento é herança de família. “Nós crescemos lá. Não tinha nada na nossa casa, só água. Comida era sempre aqui”, explica Antônio.
A história teve início na Europa. O pai dos meninos, José Moreira da Silva, aos 19 anos, era carpinteiro, até que foi convidado, em 1928, para trabalhar no Brasil. Não pensou duas vezes e desembarcou na Bahia no dia 8 de dezembro do mesmo ano. Trabalhando como restaurador, tinha uma rotina exaustiva, mas sempre almoçava em um restaurante ítalo-brasileiro. Foi aí que conheceu a italiana Maria Francesca, sua futura esposa. Após 10 anos no Brasil, já casado e com quase 30 anos, José cansou da carpintaria e abriu o restaurante. Atualmente, os irmãos levam adiante o legado do pai, que já faleceu: tratar o Porto do Moreira como uma casa de família. “Aqui é assim, o povo chega e conta de tudo. Se toma corno, se o time ganhou, se cansou do trabalho, todo mundo se junta e conversa, parece barbearia!”, conta Francisco, aos risos.
A maioria dos pratos estão no cardápio há décadas e são conhecidos pela clientela fiel, que inclui o cantor Caetano Veloso. Dentre eles, galinha ao molho pardo, bacalhau com verduras e salada de camarão. Os preços variam de R$25 até R$70. O mais pedido da casa é a moqueca de carne, que leva camarão, ovo, pimentão e muito dendê. Para acompanhar, arroz, pirão e farofa d’água. O combo completo custa R$50. |
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Colon É no meio da Praça Condé, no Comércio, que está o restaurante autoproclamado como o mais antigo de Salvador. Criado em 1914 pelo espanhol José Maria Orge, o Colon tem 103 anos de existência, todos no mesmo lugar. Tudo começou quando Salvador ainda se chamava Cidade da Bahia. Espanhol, José morava na Galícia, que fica ao norte do país. No século 20, jovens que se destacavam pela inteligência eram mandados para trabalhar no Brasil. Com a ajuda de um ‘chefe padrinho’, eles se aperfeiçoavam profissionalmente até que pudessem montar seu próprio negócio. Foi exatamente o que aconteceu com ele.
Em 1940, quando o restaurante já tinha 30 anos, José foi para a Espanha buscar seus familiares. Com a família Orge toda reunida, entraram na sociedade seu filho, Manuel Arlindo, e seu genro, José Alonso. Desde então, o restaurante segue passando de geração em geração. Atualmente é Mara Orge, 48, esposa de Juan – neto de José – que gerencia o estabelecimento. “Eu amo o que eu faço, não trocaria por nada, faço com prazer. É uma honra enorme”, declara ela, que cuida do Colon há 28 anos. Para Mara, um dos momentos mais marcantes é recente e aconteceu há apenas 3 anos: o centenário. Organizada por ela, a festa, literalmente, parou o Comércio. “Pedimos liberação da Prefeitura e fechamos as ruas da praça durante 10h. Foi uma festa para 600 pessoas, teve show e 41 barris enormes de cerveja”, relata.
No cardápio, comida caseira, como galinha caipira, feijoada, moela e ensopados. Em média, custam de R$30 a R$50. Destaque para o filé mal-assado, cuja receita ela não revela de jeito nenhum. O prato vem acompanhado de arroz e purê de batatas. Famosa, a iguaria aparece no livro O Sumiço da Santa, de Jorge Amado. Custa R$55 e serve duas pessoas. |
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