Reação! É perceptível o movimento de conscientização e participação da grande maioria dos cidadãos brasileiros, que, agora, parecem sair da sua linha de conforto e passam a demonstrar incômodo com os sérios problemas causados por medidas de constrição de direitos constitucionais. O que pode haver de mais essencial do que colocar a comida na mesa de sua família, ter um teto e direito ao trabalho?
De certo, toda e qualquer manifestação precisa ser equilibrada. Mas faz-se necessário, desde já, que o diálogo seja acompanhado de ação. Já é possível perceber as consequências batendo à porta dos brasileiros, provocando transtornos emocionais severos e, consequentemente, perdas de muitas vidas. O ativista da função social da empresa e coordenador do Núcleo Jurídico da Associação Comercial da Bahia (ACB), Paulo Cavalcanti, avalia que, pela primeira vez, é observada uma reação do povo, como se a população estivesse acordando de uma letargia profunda.
“O pânico, o medo, a insegurança jurídica, o descrédito das nossas instituições públicas, os absurdos que se estampam em nossa cara diariamente provocaram uma divisão no Brasil. Uns procurando o culpado. Outros apontando o dedo, na tentativa de se esquivar das suas próprias responsabilidades, como se nada tivessem a ver com isso. E, de repente, nos sentimos impotentes e sem o devido valor. O que achávamos que tínhamos nos foi tirado”, aponta Cavalcanti.
Com certo atraso, o jogo está se revertendo e levando as pessoas a assumirem a responsabilidade das suas próprias vidas e a daqueles que as cercam. São dias que nos levaram a despertar para um sentimento de indignação. A certeza de que cada um é responsável pelo seu destino e que não devemos entregá-lo nas mãos de quem quer que seja.
Enfim, surge uma luz no fundo do túnel. A consciência começa a aparecer claramente. De pronto, começam a surgir cobranças e as associações e entidades de representação de classes, agoniadas, passam a perceber que precisam de mais união para ampliarem suas forças e exigirem os direitos que estão sendo atacados frontalmente. E o resultado com certeza chegará!
A reboque vem também uma certa desilusão. Associações de empresários que ostentavam certa presunção de influência passam a ser ignoradas por políticos e gestores públicos. De forma ordeira, o que resta é a judicialização. Neste contexto, o ponto positivo é uma salutar união entre associações de empregadores e empregados. “É hora de as diferenças serem deixadas de lado e agirem como deveria acontecer em todas as instituições brasileiras. Percebemos que o cidadão comum também está buscando participar. Com isso, é perceptível a sensação de que, em breve, vamos transformar as relações em nosso país”, finaliza o coordenador do Núcleo Jurídico da ACB.
*Publicada às quartas-feiras, a coluna cobre a atuação da Associação Comercial da Bahia na defesa do empresariado baiano