Os festejos em homenagem a Santa Luzia, padroeira dos oftalmologistas, já começaram na Paróquia Nossa Senhora do Pilar e Santa Luzia. Desde o dia 10 de dezembro, sempre às 9h, acontece o tríduo preparatório que vai até o dia 12. Já no dia 13, dia dedicado à santa, as missas acontecerão às 6h, 8h,15h e 17h.
O ponto alto da festa será a Missa Solene presidida pelo bispo auxiliar da Arquidiocese de Salvador, Dom Gilson Andrade da Silva, às 10h, seguida de procissão com a imagem da santa até a Basílica Santuário Nossa Senhora da Conceição da Praia, retornando até a Paróquia Nossa Senhora do Pilar e Santa Luzia.
Em agradecimento pelos festejos e também em memória das almas dos devotos falecidos, no dia 14 de dezembro será celebrada Missa às 9h, também na Paróquia.
Água abençoada
Na Paroquia de nossa Senhora do Pilar e Santa Luzia existe uma gruta onde corre água desde o século 17, dia e noite, e que nunca secou, motivo suficiente para ser procurada pelos devotos da santa. Eles lavam os seus olhos, ou levam um pouco para casa em garrafas.
O padre responsável pelo local, José Ribamar, já acompanha os festejos de Santa Luzia há três anos e diz que, apesar da paróquia levar duas santas em seu nome, Luzia é a mais famosa: “É a santa dos olhos, de quem enxerga. Cada um tem um tipo de emoção ao estar diante de santa luzia. A do Pilar é desconhecida perto dela”. Sobre a gruta d’água, o padre aconselha: “Eu digo para os fiéis lavarem a cabeça toda, não só os olhos. Tem muita água aqui na gruta, se faltou em casa é só vir aqui buscar. Eles se sentem bem, se sentem até curados. É uma festa muito importante por isso”.
A fama da gruta atrai fiéis do Brasil inteiro, vindos até da região Sul. “Vem gente de muitos lugares. Já encontrei com gente que veio do Paraná, que tinha sonhado com a gruta, e quando chegou aqui disse que era igual à que temos na paroquia. Lembro que essa fiel veio de longe buscar a água abençoada para a filha, que estava com problema de visão”, diz José.
O pesquisador e colunista do Jornal CORREIO, Nelson Catena, destaca a importância da festa de Santa Luzia para a Bahia. “Ela é uma das festas mais tradicionais da cidade, começou ali naquele espaço que hoje é o Solar do Unhão e mais tarde se transferiu para a igreja do Pilar, que muita gente se confunde e chama de igreja Santa Luzia pois o culto a ela se difundiu muito mais do que o da Nossa Senhora do Pilar. Os baianos têm uma grande devoção a santa protetora dos olhos, e quem frequenta a festa anualmente percebe que a festa profana acabou, se tornou uma festa estigmatizada pela violência, mas o lado religioso é resistente. Desde às 4 da manhã as pessoas fazem uma fila gigantesca em volta da fonte milagrosa, e essa devoção é uma coisa muito forte”, diz.
De mãe para filha
O tradicionalismo é uma característica inerente à festa de Santa Luzia, segundo Nelson. “É uma tradição familiar, passada de pai para filho e para neto, bisnetos… E isso se mantém. Essa festa já foi anunciada muitas vezes como se já estivesse no fim, mas ela permanece forte na Bahia”.
A doméstica Luzia Santos dos Reis traz em seu nome a sua devoção. “Desde quando eu era pequena, minha mãe era muito devota pela santa Luzia e por eu ter nascido com problema de visão ela fez uma promessa envolvendo o meu nome. Então eu cresci em meio a santa, acompanhando as missas, as celebrações da data. Na realidade além de devota minha mãe sempre fez parte da irmandade da igreja, o que me inseriu dentro do meio religioso como um todo”.
Com a presença garantida nas celebrações da santa desde pequena, esse ano Luzia tem um motivo especial para se ausentar dos festejos. “Estou um pouco afastada das celebrações, pois a juíza da minha irmandade religiosa me liberou para que eu pudesse cuidar da minha irmã que está muito doente. Mas estarei presente em alguma missa dia 13, e dia 14 na missa de agradecimento com certeza”, afirma Luzia.
Você conhece a história de Santa Luzia?
Nascida em uma família rica e cristã, na cidade de Siracusa – Itália, no ano de 283, Luzia era considerada como uma das jovens mais belas do local. Aos cinco anos perdeu o pai e cresceu sob os cuidados da mãe, que sofria de graves hemorragias. Certo dia, ao peregrinar na cidade de Catânia, Luzia e a mãe acompanharam o Evangelho pregado durante a Missa, o qual falava sobre a cura da mulher que padecia de hemorragias. A jovem, então, pediu ao Senhor que a mãe ficasse curada e foi rezar junto à imagem de Santa Águeda. No mesmo instante, a cura aconteceu.
Ao chegarem a casa onde elas moravam começaram a distribuir todos os bens aos pobres. Percebendo que Luzia e a mãe eram cristãs, um jovem que vivia no local denunciou-as ao prefeito de Siracusa, que as enviou ao Imperador Diocleciano. Como Luzia se mostrou firme diante da fé que carregava, acabou sofrendo inúmeras crueldades.
Vendo que não seria possível convertê-la, Diocleciano mandou jogá-la numa casa de prostituição, mas ninguém conseguia tirar Luzia do local onde ela se encontrava, os pés ficaram firmes no chão. Em seguida, tentaram queimá-la viva, mas as chamas nada fizeram contra ela. Por
fim, os soldados arrancaram-lhe os olhos e os entregou em um prato à jovem. No mesmo instante, na face de Luzia, brotaram outros olhos. Vendo que nada a fazia renegar a fé em Jesus Cristo, mandaram degolar a menina.
Era 13 de dezembro de 304. A partir deste dia teve início a devoção à Santa Luzia, primeiro na Itália e depois por toda a Europa. Atualmente ela é conhecida como a “Santa da Visão”.
Serviço:
O quê: Tríduo e festa de Santa Luzia
Quando: Tríduo: de 10 a 12 de dezembro / Festa: 13 de dezembro
Onde: Paróquia Nossa Senhora do Pilar e Santa Luzia (Praça do Pilar, 55B, Comércio)
*Renata Oliveira é integrante da 12ª turma do programa CORREIO de Futuro
Fonte: Jornal Correio da Bahia.