O A Tarde Conecta promoveu, nesta segunda-feira, 8, a mesa-redonda “Impactos da pandemia e das restrições no setor empresarial e no Comércio”, com a mediação do jornalista Osvaldo Lyra e presença do presidente da Associação Comercial da Bahia (ACB), Mário Dantas, do vice-presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Salvador (CDL), Felipe Sica, e do advogado especialista em reestruturação empresarial, Washington Pimentel.
O debate acontece em um momento em que governantes adotam uma nova rodada de medidas restritivas em resposta ao avanço da Covid-19 em todo o país, com registro de alta de casos e demanda por leitos de UTI. Na Bahia, o governador Rui Costa (PT), com apoio de prefeitos, decretou o fechamento de atividades não essenciais até o próximo dia 15 e toque de recolher das 20h às 5h da manhã que segue até o final do mês.
Para o presidente da ACB, Mário Dantas, as medidas restritivas acontecem em um momento de “fragilidade das empresas”, que, de acordo com Dantas, passaram por momentos críticos no ano passado, e agora temem uma onda de quebradeira no setor.
“A gente está muito preocupado com as medidas restritivas. As empresas estão no limite. O comércio foi muito afetado no ano passado. Tivemos um ensaio de retomada das atividades, mas agora voltamos novamente à estaca zero. Não é choro de empresário, é algo sério, há um desespero no setor.”, afirmou Dantas, que pediu apoio dos governantes às empresas: “O governo precisa salvar as empresas. São as empresas que geram empregos e tributos das pessoas físicas.”
O vice-presidente da CDL, Felipe Sica, defende o retorno imediato das atividades comerciais. Segundo Sica, o comércio formal não foi um espaço de proliferação da Covid-19. “A CDL é contra o lockdown. Houve, sim, um grande apoio de nossa parte no início da pandemia, porque achávamos que era necessário. Depois de um ano, temos bastante dados que indicam quais são os locais onde têm a maior proliferação do vírus, e não foi no comércio onde o vírus proliferou.”, argumentou.
Para Sica, se o comércio não retomar as atividades, os efeitos serão “devastadores” para economia do estado. “É necessário sensibilizar a sociedade que as empresas estão praticamente sem nenhum recurso para manter os empregos dos funcionários. A gente precisa que o governo tome medidas para que as empresas não descontinuem suas atividades. Se não retornarmos às atividades, os efeitos serão devastadores”, avaliou.
Vacinação
Durante o debate, foi consenso que a vacinação em massa seria a medida mais efetiva para salvar vidas e a economia. “A gente vê com muita preocupação o processo de vacinação aqui no país. Muitos países já têm o processo de vacinação avançado e puderam retomar as atividades econômicas. Aqui não seria diferente. A saída para que se possa preservar a vida humana e os negócios é a vacinação “, afirmou Mário Dantas.
Para o advogado Washington Pimentel, a vacinação da população seria a única saída para a retomada da economia. “A única solução que essa retomada [econômica] aconteça, ainda que de maneira lenta, é a vacinação”.
“Precisamos reabrir urgentemente para que possamos manter os empregos. A situação está cada vez mais alarmante do ponto de vista econômico. Apoiamos a vacinação em massa, e isso tem que ser cobrado de todos os entes federativos”, afirmou Felipe Sica.
Retorno Escalonado
O governador Rui Costa afirmou, nesta segunda-feira, 8, que o retorno do comércio deve acontecer de forma escalonada no estado, o que permitiria a retomada das atividades econômicas de maneira gradual e sem causar aglomeração nos transportes públicos.
A medida foi aprovada pelo setor empresarial, de acordo com Mário Dantas, que participou de uma reunião nesta segunda-feira, 8, com representantes do governo do estado e da prefeitura.
“A atividade empresarial formal tomou todas as medidas de prevenção ao contágio. Nós temos a convicção que o comércio e empresas formais não são agravantes para a doença. Temos a percepção de que o impacto do trabalho formal nos transporte público é um fator crítico para o contágio”, pontuou Mário Dantas.
“A prefeitura e o governo do estado propuseram o escalonamento. Eles têm informações dos trabalhadores do setor produtivo, quais horários eles saem e entram no transporte público. A saída para evitar essa aglomeração nos horários de pico é o escalonamento.”, destacou.
Contrapartidas
O advogado Washington Pimentel avaliou que falta previsibilidade ao setor empresarial nesta nova rodada de medidas restritivas. De acordo com Pimentel, no início da pandemia, as empresas receberam contrapartidas do governo e prefeituras, o que não está acontecendo neste segundo momento.
“Neste segundo ciclo de restrições a gente vai enfrentar dificuldades ainda maiores, porque não se teve contrapartidas para as empresas, e a gente começa a enxergar uma quebradeira. No início da pandemia, tivemos benefícios, incentivos, flexibilidade, o que fomentou a esperança, e os empresários superaram aquela fase difícil, mas 2021 infelizmente a crise volta novamente, e a gente não enxerga nem no discurso nem no planejamento algo que ofereça aos empresários instrumentos para manter os negócios e empregos.”, afirmou.
Para Felipe Sica, é necessário uma “repactuação da situação tributária das empresas”. “É necessário o refisco das dívidas que foram contraídas no passado [2020] e que continuarão acontecendo dada a lentidão da retomada econômica. Só dessa forma conseguimos manter os empregos diretos. Não houve contrapartida tributária para o período de fechamento de atividades. Todos os impostos e taxas continuam a ser cobrados e não houve nenhuma sinalização sobre o que seria feito em relação a isso”, explicou.
Jornal: A Tarde