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Meio século de engenharia

  • 14 de dezembro de 2016 - 15:30

No dia 11 de dezembro de 1966, há 50 anos, 77 novos engenheiros que compunham a Turma Dom Hélder Câmara, eram graduados em química (7), elétrica (10) e civil (60) pela Escola Politécnica da Universidade Federal da Bahia imbuídos do firme propósito de fortalecerem a engenharia e cientes da função social da promoção da segurança, da qualidade de vida, da sustentabilidade, da proteção aos valores mais caros da experiência profissional.

Naquele ano o Brasil tinha 84 milhões de habitantes, apenas 41% dos 206 milhões de hoje. Salvador era habitada por apenas 900 mil pessoas, 31% dos 2,9 milhões de hoje. De lá para cá foram muitos anos de trabalho e os jovens engenheiros, cada um com sua especialização dentro da nova carreira, deu o máximo de si na construção do País como o conhecemos hoje, dando seu reforço profissional para as transformações apontadas a seguir.

Na construção civil, a capacidade anual instalada na fabricação de cimento era de 6 milhões de toneladas e hoje são 65 milhões. De 16 milhões de domicílios, um para 5,3 brasileiros, evoluiu-se para 70 milhões, equivalentes a um para cada 2,9 brasileiros. Os 45 mil km de rodovias existentes em 1966 cresceram quase 39 vezes, para 1,75 milhão em 2016.No campo da eletricidade a capacidade de geração instalada era de apenas 8 mil megawatts saltando para perto de 150 mil megawatts, 18,8 vezes mais. A produção de petróleo naquele ano era de 100 mil barris por dia e hoje, no trabalho desenvolvido por dezenas de empresas nacionais e estrangeiras, além da Petrobras, essa produção está muito perto da marca dos 3 milhões de barris por dia. Na agricultura o Brasil é hoje o segundo maior produtor de carne de frango, passando de 350 mil toneladas para 13 milhões de toneladas. Na pecuária os 212 milhões de bovinos de hoje eram apenas 68 milhões em 1966. Na produção de grãos os 210 milhões de toneladas de 2016 eram tão-só 30 milhões naquele ano da formatura dos engenheiros.

Tudo isso fez o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil evoluir de US$ 27 bilhões para US$ 2,3 trilhões e a renda per capita do brasileiro passar de US$ 320 para US$ 11,3 mil. No comércio exterior as exportações brasileiras em 1966 atingiram US$ 1,74 bilhão, as importações US$1,50 bilhão com superávit de US$ 240 milhões. Em 2016 as exportações devem atingir US$ 186 bilhões, as importações US$ 136 bilhões com superávit de US$ 50 bilhões.

Os engenheiros vivos da turma de 1966 são jovens de mais de setenta anos, a maioria ainda na ativa e com o vigor que marcou suas vidas profissionais. Não usam mais as réguas de cálculo nem as tabelas de logaritmos para suas contas. Estão atualizadíssimos com seus computadores pessoais e usam as redes sociais como ninguém. Continuam habilíssimos na matemática, na física,na química, no desenho e continuam muito mais cartesianos do que dialéticos. No dia 11/12 comemoraram os 50 anos de formados em alegre e descontraído almoço, esbanjando a convicção do dever cumprido e de estarem continuamente passando muito de suas experiências para seus filhos e netos.

Os engenheiros da Turma Dom Hélder Câmara, Arcebispo de Olinda e Recife na ocasião, não esperavam milagre ao escolher um religioso para seu patrono, mas realizaram o milagre da transformação, que embora não tenham conseguido com seu trabalho, como desejavam, eliminar toda a pobreza do Brasil, contribuíram substancialmente para melhorar a vida dos brasileiros. Todos têm um mesmo pensamento, incluindo o engenheiro químico que escreve esta coluna, que o Brasil não merece estar submerso na onda de pessimismo que o domina desmerecidamente. Todos eles têm certeza que o País vai superar os momentos passageiros de dificuldade com suas próprias forças e vontade de trabalho, traços característicos do povo brasileiro.

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