A sobrevivência das empresas requer sintonia com o ambiente externo em busca permanente de atualização dos conhecimentos (tecnologias, inovações), dos hábitos comportamentais dos consumidores (moda, padrões, desejos, humanização, valores culturais e pessoais) e das tendências mundiais (globalização, internacionalização). Contudo, não se pode deixar de adotar condutas que não sejam consideradas éticas e legais, fugindo daquelas tidas como nem éticas nem legais, como também das que sejam éticas, porém não legais e vice-versa.
A responsabilidade principal de uma empresa, do ponto de vista econômico, é o de produzir bens e serviços desejados pela sociedade. Isso sem deixar de ter lucros para atender às expectativas dos sócios, de ter condições de pagar bons salários aos empregados e de proporcionar ganhos aos demais colaboradores. Tal responsabilidade não exclui os encargos legais definidos pela coletividade através de leis e regras comportamentais. Muito menos pode deixar de considerar a necessidade de adotar condutas éticas não cobertas por lei, mesmo quando elas contrariam aos interesses econômicos da empresa. Nada impede também que a corporação seja conduzida pela vontade de desenvolver atividades sociais não requeridas pela lei e pela ética.
A inclusão de demandas sociais da comunidade em seus planos e realizações, muitas vezes esbarra em limites impostos pela própria empresa. Ela pode não querer se complicar com o assunto por motivos políticos, pretextos nocivos à sociedade como um todo, por não identificar precisamente os interesses envolvidos, ou ainda, por excederem seus limites orçamentários.
Com o passar do tempo a organização constrói sua cultura seguindo orientação de seus principais protagonistas, estabelecendo seus ritos peculiares e assimilando seus princípios de ética. A empresa aos poucos vai identificando quais comportamentos são certos ou errados na formatação de seus valores e definição dos códigos éticos.
Os pontos de maior sensibilidade estão relacionados com a obtenção do lucro, a maneira de fazer justiça ou no enfrentamento das competições. A obtenção do lucro é fundamental e imprescindível para a sobrevivência da empresa, mas não deve ser um fator por si só justificável. A prática da justiça é indispensável no campo da ética. A competição deve estar respalda na competência de sua realização. A definição de metas, o conhecimento dos concorrentes e o cumprimento dos objetivos globais da companhia são fatores basilares. Práticas de adulteração, blefe, falsificação, fraude, corrupção, não podem ser incluídas nos manuais de uma empresa digna e merecedora de aprovação pela sociedade.
Dizem que o ladrão começa a roubar escondido. Com algum tempo ele se acostuma e passa a praticar suas desonestidades à vista de todos. Aí vem a polícia e o prende. A sociedade brasileira está vivendo um momento de transição, passando de uma situação onde o exercício da corrupção, da fraude e da propina passou a ser considerado uma coisa normal, para uma de ficha limpa. O desgaste e os prejuízos se estabeleceram de forma crescente para toda a sociedade. Agora que se passa a buscar correção, com paralização de empresas, aplicação de penalidades, prisão dos responsáveis e demissão de um cem número de técnicos e colaboradores, vive-se momentos de grande angústia.
Deve-se ter o cuidado, ao se procurar corrigir tudo de uma só vez, não se ir ao limite de curar a doença matando o paciente. Não se deve simplesmente perdoar os culpados, mas é importante salvar as empresas. Elas perderam muitos de seus valores e, em algumas atividades, como as das empreiteiras, enfrentam o declínio de conhecimentos no campo da engenharia, por exemplo. Embora difícil, é possível a reconstrução praticando-se condutas éticas e legais.