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O gás e o Polo da Bolívia

  • 01 de agosto de 2017 - 10:41

Adary Oliveira – VP da ACB – Doutor em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona, Espanha

No final da semana passada recebi aqui em Salvador a visita de dois empresários que desejavam conhecer o nosso parque industrial. Eram brasileiros de São Paulo e um deles radicado na Bolívia há 8 anos. Tinham lido meu livro “O Polo Petroquímico de Camaçari:  industrialização, crescimento econômico e desenvolvimento regional”. Queriam mais informações sobre a história do Polo e fazer um convite para que eu fosse a Yacuiba, na Bolívia, proferir uma palestra sobre a nossa experiência de construirmos o maior complexo industrial integrado da América do Sul numa região de passado predominantemente agrícola.

Durante a visita rememorei os tempos cheios de esperança que vivemos com a vinda para a Bahia de um conjunto de indústrias de alto poder germinativo capaz de proporcionar o surgimento de um número sem fim de outras indústrias, avançando com toda a força na atração de fábricas do setor de transformação petroquímica, acrescentando à unidade existente de fertilizantes outras de artefatos plásticos, borrachas e pneumáticos, tecidos e confecções, sabões e detergentes, tintas e vernizes. Recordei as dificuldades para aquisição de tecnologias, convencimento de empresários do setor privado, adequação dos financiamentos para as novas empresas e novos empresários, da resistência dos capitalistas do Sudeste, do apoio dos governos e sobretudo do treinamento da mão de obra especializada.

Lembrei-me também dos erros que cometemos, por não saber que estávamos perto de uma repentina abertura de mercado e do alastramento da globalização;de ter escolhido a nafta, disponível nas refinarias de petróleo, como principal matéria prima, em lugar do gás etano, que não tínhamos;da definição dotamanho acanhado das unidades industriais, dimensionadas para atendimento de um minúsculo mercado doméstico num ramo de negócio onde a grande escala de produção é determinante para que se adquira competênciapara participar de acirrada competição internacional; de não termos programado melhor os investimentos em pesquisa e desenvolvimento para nos proteger de eventual obsolescência dos processos de produção; e das descontinuidades diversas que mudaram nossos sistemas políticos, econômicos e de apoio governamental.

Claro que não esqueci de apresentar um balanço de ganhos e perdas, mais ganhos do que perdas, que proporcionaram aumento da produção industrial, acréscimo da atratividade por novos negócios, ampliação dos tributos arrecadados e avanço na oferta de novos empregos.

Na palestra que farei em Yacuiba vou poder contar histórias de sucessos e de insucessos e fazer recomendações para contornar as adversidades que virão. Na parceria que buscam os bolivianos, para a implantação de um conjunto de fábricas do setor petroquímico com utilização da gigantesca reserva de gás natural que está guardada no subsolo de Santa Cruz, nossa experiência será de muita validade. Apesar de possuírem a matéria prima, têm outros problemas maiores do que os nossos, mas nada que não se possa superar com trabalho, criatividade e dedicação. Se o consumo interno é pequeno, o mercado alvo poderá abranger os países membros da Associação Latino Americana de Integração – ALADI, através de Acordos de Alcance Parcial ou mesmo, aditivamente, avizinhando-se mais do Mercado Comum do Sul – MERCOSUL deixando de ser membro associado para se tornar membro efetivo.

De qualquer sorte, os 3.444 quilômetros rodoviários, via BR-070 e BR-242, que separam Santa Cruz de Salvador, não serão empecilho para que a integração, por meio da experiência vivida, possa também ser ampliada para outros tipos de negócios que complementem nossas precisões.

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