Adary Oliveira – Presidente da ACB

Mundo empresarial – lições e reflexões é o título do livro de minha autoria que será lançado no Palácio da Associação Comercial da Bahia, nesta semana, em edição patrocinada pela Assembleia Legislativa da Bahia. A coletânea de artigos termina por retratar os costumes de uma época. Fico às vezes pensando como se locomoviam e se comunicavam os empresários da Bahia nos primeiros anos de funcionamento da ACB. Em 1811 o Brasil ainda era Colônia de Portugal e não se tinha vivido os tempos das revoluções industriais nem das guerras mundiais. Certamente os empresários iam para as reuniões a pé, montados em cavalos, conduzidos por charretes ou diligências, ou mesmo de barco ou saveiro, já que o mar batia nas escadarias do Palácio antes do aterro para construção do Porto de Salvador. Daqui a 100 anos, lendo esse livro, os empresários vão ficar incrédulos ao saberem que nos locomovíamos em automóveis acionados por motores a gasolina ou óleo diesel e que nos comunicávamos por telefones celulares.

O livro relata como Zé Braga, o comerciante mais prospero de Ruy Barbosa nos anos 50/60, gerenciava seu fluxo de caixa com sua humorosa assertiva: “a torneira de entrada é maior do que as de saída”, ou como Zé de Tito, morador de fazenda próxima ao distrito de Paraiso (hoje Tapiraípe) vivia com mulher e oito filhos produzindo todos os alimentos que careciam para o sustento.

“Cacau petróleo e Paulo Afonso” do capítulo sobre desenvolvimento regional, tido por alguns leitores como o melhor dos meus artigos, fala das riquezas da Bahia citadas no jingle da campanha de Juracy Magalhães e da importância da educação na libertação das pessoas. Tal verdade levou Juracy a governar a Bahia com 25 anos de idade e, seu primo, Cassimiro Montenegro a fundar o CAN, o ITA e o CTA, precursores da Embraer. Ainda neste capítulo são citadas pessoas que marcaram época na vida empresarial como as denúncias de Celso Furtado, as histórias de Jorge Amado, a saga de Carlos Gilberto e a encíclica de Francisco.

O convívio com empresários do Conselho de Petróleo, Gás e Naval da Fieb me inspirou a escrever alguns artigos, destacando como a Petrobras conseguiu ser madrinha e madrasta da Bahia ao mesmo tempo. Ela continua querendo ser mais madrasta do que madrinha quando anuncia a paralização da fábrica de nitrogenados Fafen, da venda da refinaria RLAM e do terminal Temadre. Os registros sobre a produção de petróleo na Bahia, atual e futura, são relatos que despertam a importância deste setor para o desenvolvimento do Estado.

A tentativa de fechamento do Porto de Salvador, a construção da Ponte Salvador Itaparica, a revisão do PDDU de Salvador e o artigo que trata da defesa das micro e pequenas empresas são destaques do capítulo que reúne itens sobre Políticas Públicas. As discussões sobre privatizações, terceirização, modernização do estado, mobilidade urbana e revitalização do Bairro do Comércio, têm estado presentes nos debates promovidos pela ACB e são fontes inesgotáveis de inspiração.

As preleções de um professor não poderiam faltar entre os artigos que escrevi. Assim, no capítulo Lições, recordo algumas aulas do meu repertório descrevendo fluxo de caixa, estratégias de industrialização, determinismo geográfico, educação, cadeias produtivas, ensino da matemática, negociação empresarial e ética empresarial. Alguns artigos aborda a Teoria dos Jogos, como os dedicados a delação premiada, batalha dos sexos, e aplicando a teoria dos jogos.

Não pretendo transforma o livro num best seller, mas um simples registro de fatos vividos no mundo empresarial, aprendendo com as lições e fazendo reflexões sobre o significado de pelejas realizadas no mundo dos negócios.