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O sol nasce para todos

ACB OPINIÃO 325

  • 01 de outubro de 2018 - 12:20

Adary Oliveira – Presidente da ACB

Em economia, quando se estuda uma situação em que a produção de um bem ou serviço apresenta custos elevados, fazendo com que os custos totais de longo prazo declinem à medida que a produção aumente, diz-se que se está diante de um monopólio natural, ou seja, um único produtor é capaz de produzir a um custo menor do que se houvesse dois produtores no mercado. A distribuição de eletricidade é um exemplo clássico citado para justificar uma única empresa numa cidade. Os custos para instalação de nova rede e novos postes, ou cabeamento subterrâneo, são por demais elevados.

Os avanços tecnológicos e o consequente barateamento da produção de energia solar fotovoltaica, está mudando esse conceito. Alguns consumidores de energia como hospitais, condomínios residenciais, universidades, aeroportos, estações rodoviárias ou mesmo pequena fábricas, passam a ser supridos por sistema próprio ou por pequenas empresas geradoras, que mediante contrato, substituem as concessionárias desse tipo de serviço na venda de energia elétrica.

O aumento das instalações para geração de energia solar fotovoltaica é um fenômeno que se verifica no mundo todo. Lideram os novos assentamentos a China, seguida pelos Estados Unidos. O Brasil está entre os dez maiores e a Bahia, por possuir grande ocorrência de insolação, principalmente na região do semiárido, possui elevado potencial de geração. Projeções feitas pela Bloomberg New Energy Finance apontam para o Brasil crescimento vertiginoso, saindo dos atuais 0,8% da matriz elétrica para ocupar uma fatia de 32% até 2040. Em 2017 a geração elétrica solar aumentou mais 0,9 gigawatts (GW), alcançando o nível de 1,1 GW.

O avanço é determinado pela adoção de novas tecnologias; preço elevado com sucessivos reajustes da tarifa; redução do custo da geração; e expansão da geração solar de forma diversificada. Tem contribuído para essa expansão a publicação pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) da Resolução 482/2012, que viabilizou a geração distribuída, que permite ao consumidor, comercial ou residencial, produzir sua própria energia e gerar créditos na conta de luz. Este tipo de geração alcançou em agosto deste ano 355 megawatts (MW) de potência instalada, representando um aumento de 94% em relação a agosto de 2017.

Além das grandes companhias geradoras, que participam dos leilões promovidos pela Aneel para vender energia tomando parte do sistema nacional de geração e distribuição, tem crescido assustadoramente a geração distribuída. Fabricantes de equipamentos estão vendendo instalações completas para clientes que desejam ter seus próprios geradores. Também estão sendo instaladas unidades por empresas de médio porte que fornecem energia a esses consumidores a preço mais em conta.

Além disso, tradicionais fabricantes de painéis solares para aquecimento de água estão migrando para os painéis fotovoltaicos. As instalações que até o ano passado eram quase totalmente importadas passaram a ser fabricadas no país. Da mesma forma, o desenvolvimento de novas tecnologias usadas na fabricação de baterias de lítio, tem proporcionado condições favoráveis no armazenamento de energia solar e eólica. A ampliação desse armazenamento barato está aumentando a geração de energia renovável, tomando parte do mercado tradicional da geração com uso do carvão, gás natural, óleo combustível, óleo diesel e energia nuclear. O armazenamento em baterias, além de balancear a intermitência das fontes renováveis e prover energia para sistemas isolados, poderá vir a aliviar as redes de transmissão.

Se antes celebrávamos a chegada dos bons ventos na geração de energia eólica, agora podemos festejar, com mais confiança, que o sol nasce para todos, diante das boas perspectivas da geração de energia fotovoltaica.

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