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Os candidatos e o semiárido

ACB OPINIÃO N° 292

  • 02 de janeiro de 2018 - 09:57

Adary Oliveira – Presidente da ACB

Além da Copa do Mundo de Futebol que será realizada na Rússia, a atenções deste ano que se inicia estarão voltadas para as eleições majoritárias do presidente da República, governadores dos Estados e senadores, e proporcionais de deputados federais e estaduais. Se de um lado, os políticos se organizam para suas campanhas, estabelecendo alianças e definindo estratégias e táticas para conquistarem votos, do outro lado, está na hora dos eleitores começarem a pensar na análise que farão dos projetos e programas apresentados pelos candidatos para escolha daquele merecedor de seu voto.

Na Bahia, os programas de governo a serem descritos pelos candidatos a governador, deverão ter pelo menos um capítulo dedicado à política para o desenvolvimento do semiárido. O semiárido baiano ocupa uma área de 360 mil quilômetros quadrados, correspondentes a 64% do território estadual, onde vivem quase metade de seus habitantes (48%), constituindo na maior população rural brasileira. Ele situa-se entre o litoral da Mata Atlântica e o oeste do além São Francisco. Essa região está longe de ser considerada homogênea e reúne quatro sub-regiões distintas: Agreste, Chapada Diamantina, Norte e Raso da Catarina.

As grandes cidades do interior (Feira de Santana, Vitória da Conquista, Jequié e Itapetinga) estão localizadas no semiárido, embora numa área chamada de transição para o sertão. Predomina na região a agricultura, mas não há uma especialidade agrícola predominante. A bovinocultura está presente em todos os municípios, existindo poucas áreas indicadas para essa atividade. A agropecuária sozinha não tem se mostrado suficiente para reverter o quadro de pobreza e a população ostenta os mais baixos indicadores sociais e econômicos do Estado.

A esperança de aumento de riqueza está vindo com a instalação de mais de duas centenas de projetos de geração de energia limpa e renovável, eólica e fotovoltaica, atraídos pela indicação do mapa dos ventos e da enorme área de insolação, apontando para um potencial de geração equivalente a 13 usinas de Itaipu. Os proprietários de terra estão sendo remunerados por até R$ 2 mil por torre de geração instaladas em suas terras, bom para eles, mas insuficientes para eliminação da pobreza da região. Neste particular urge a necessidade de introdução de mecanismo de melhor compensação que atinja a todos os moradores. Também representa nova esperança a promessa de realização de pesquisa e análises sísmicas que indiquem o potencial de exploração de petróleo e gás natural no semiárido, principalmente em localidades onde já existe confirmação de sua existência, como no município de Utinga.

Os planos de campanha dos candidatos a governador não podem deixar de incluir soluções claras para o desenvolvimento do semiárido, considerando que ele não é uma região de especialização agrícola, como também não se pode pensar na manutenção de um único tipo de pecuária, não existindo solução singular e geral para a agricultura de suas terras. A intensificação de pesquisas minerais, para novas descobertas e melhor avaliação de jazidas conhecidas, também não podem ficar de fora.

A construção de novas rodovias de ligação, principalmente as de direção transversal leste/oeste que cortam as longitudinais norte/sul, melhorando a integração com outras regiões e ligando o sertão ao mar, não merecem ser esquecidas. As concepções não devem se constituir em meras promessas ilusórias feitas para ganhar eleição, mas apresentação de planos exequíveis com mostra de projetos conceituais e indicação das fontes de recursos financeiros.

Enfim, já passou da hora dos eleitores passarem a avaliar os candidatos e decidirem seus votos através da análise e discussão dos programas de campanha apresentados, deixando de fazer parte dos humilhantes e degradantes currais eleitorais.

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