Dizem os antigos que temos duas orelhas e uma só boca, justamente para escutar mais e falar menos. Às vezes é melhor ficar calado do que dizer bobagem, pois em boca fechada não entra mosca. Algumas pessoas desejando o melhor para si, estão sempre criticando alguma coisa, procurando mudar tudo no mundo ao invés de adaptar-se a ele.
Estive na semana passada em São Paulo e cheguei lá pelo Aeroporto de Congonhas. Morei em São Paulo há 40 anos atrás, quando fui cursar o mestrado na Escola de Administração de Empresas da Fundação Getúlio Vargas, uma das melhores do País. Congonhas era um ótimo campo e ainda não existia o Aeroporto de Guarulhos, em Cumbica. Fiquei assustado, pois há muitos anos não utilizava voo com pouso nesse aeródromo. Mas lembrava-me bem de suas instalações. Andei um pouco no meio da multidão que ocupava o saguão principal e sai para o lado de fora. Presenciei uma confusão danada. Um passageiro disputava um Uber com uma moça e ambos afirmavam, com o celular na mão, que o carro era dele, ou dela. Os motoristas de táxi também reclamavam contra a presença do Uber. Voltei então para o lado de dentro e desci uma rampa recém construída dirigindo-me aos guichês dos táxis de cooperativas,conseguindo um auto que me levou para o meu destino.
No dia seguinte retornei ao Aeroporto de Congonhas para regressar a Salvador. Depois que fiz o check in recebi orientação que deveria procurar o Portão de Embarque 19 seguindo em frente e descendo uma escada rolante à esquerda. Quando estava descendo pela escada me dei conta que deveria atravessar um imenso salão com mais de uma dezena de portões de embarque ocupado por uma multidão mais densa que a da Praça Castro Alves num domingo de Carnaval. Procurei andar até o 19 e o fiz com muita dificuldade. Confesso que tive de usar os cotovelos e ouvi uma pessoa dizer”estão me empurrando”. Chegando ao Portão 19 fiquei sabendo que o embarque do meu voo havia sido mudado para o Portão 11. Tive de voltar todo o percurso de novo para o 11 subindo a mesma escada rolante. Quando me aproximei do Portão 11 o serviço de som anunciou a mudança para o Portão 17, próximo de onde eu estivera antes. Chegando lá verifiquei que os passageiros estavam embarcando e aproveitei minha condição de idoso para pular na frente. Consegui embarcar no ônibus que leva os passageiros até o avião circulando por uma pista congestionada de veículos de todo tipo.
Por mais investimentos que se tenha feito em Congonhas a população de São Paulo cresceu em demasia e muitos viajantes que usavam ônibus ou trem passaram a viajar de avião.
Voltando para Salvador encontrei um aeroporto moderno, estação com ar condicionado, finger novo, espaço livre e sem sobressaltos no caminho de desembarque, e, de taxi, e segui para a Pituba. As obras do Aeroporto Luiz Eduardo Magalhães ainda não foram concluídas e o aeroporto vai melhorar quando em breve isso acontecer e passar a ser administrado por empresa privada. Apesar disso, seu serviço está muito bom e não se compara ao tumulto que presenciei em São Paulo.
Hoje pela manhã, enquanto esvaziava o Whats App do meu celular, li uma mensagem de um usuário do aeroporto dizendo: “o aeroporto de Salvador está parecendo uma rodoviária do interior”. Achei um tanto exagerada a afirmação. Essa pessoa precisa fazer duas coisas. Primeiro ir à São Paulo para conhecer o Aeroporto de Congonhas. Segundo,visitar uma rodoviária do Interior para melhor fazer uma comparação. Vai mudar de ideia e não vai sair por aí dizendo asneiras. Nosso aeroporto não é o melhor do mundo, mas é um dos melhores que temos, não merece ser alardeado com falsos comentários.
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