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Otto Perrone, uma lenda da petroquímica

ACB OPINIÃO 340

  • 02 de janeiro de 2019 - 10:57

Adary Oliveira – Presidente da ACB

Otto Vicente Perrone nos deixou na semana passada, no dia de Natal. Ele nasceu em Guarani, Minas Gerais, e viveu a maior parte de sua vida no Rio de Janeiro, trabalhando na Petrobras. Diplomou-se em Química Industrial em 1951 e em Engenharia Química em 1955, na antiga Escola de Química da Universidade do Brasil, hoje Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Seus feitos se espalharam pelo Brasil principalmente na Bahia, Alagoas, São Paulo e Rio Grande do Sul.

Na Petrobras ele chefiou a Assistência de Indústria Petroquímica, de 1964 a 1968, fazendo parte da equipe do Diretor Leopoldo Migues de Melo quando Ernesto Geisel era o presidente da empresa. Foi nesse período que foi criada a Petroquisa, subsidiária da Petrobras encarregada de representar o Governo na implantação da indústria petroquímica no Brasil, tendo sido seu Vice-Presidente de 1971 a 1982. Como Presidente da Copene, cargo que ocupou de 1972 a 2001, foi responsável pela implantação do Polo Petroquímico de Camaçari. Ainda em 1972 integrou-se à missão japonesa que desembarcou no Rio para projetar o complexo industrial. Em janeiro de 1974 dava-se início à terraplenagem. A inauguração da Central de Matérias Primas, Central de Manutenção, Central de Tratamento de Efluentes e mais 26 fábricas, deu-se em junho de 1978, obedecendo a rígido cronograma físico e financeiro.

Perrone exerceu com maestria a liderança de implantação do Polo negociando a constituição de empresas com participação de grupos privados nacionais, estes sem quase nenhuma experiência na indústria química, empresas petroquímicas multinacionais e a Petroquisa. Além da constituição das empresas negociava os contratos de transferência de tecnologia, na versão que permitia a sua averbação pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), e os inéditos acordos de acionistas das chamadas empresas tripartites. Sua liderança se estendia ao então Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico (BNDE) e suas subsidiárias FIBASE e FINAME e seguia de perto a aprovação de cada um dos projetos das unidades fabris do maior complexo industrial integrado do hemisfério sul no Conselho de Desenvolvimento Industrial (CDI)

Perrone acompanhou a implantação e o funcionamento de várias empresas como Diretor e como membro dos seus Conselhos de Administração. Também foi Presidente da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim) de 1985 a 1986 e do Instituto Brasileiro de Petróleo (IBP) de 1995 a 2001. Mais ainda, substituiu Ernesto Geisel na presidência da Nordeste Química S.A. (Norquisa), de 1991 a 2001. Durante sua vida recebeu inúmeras premiações, entre os quais a do Mérito Industrial Luiz Tarquínio, em 1984, concedido pela Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB).

Boa parte da concepção e do planejamento do Polo Petroquímico de Camaçari, do ponto de vista técnico, organizacional, logístico e apoio financeiro, se deve à figura extraordinária que foi Perrone. A sua participação desde a atração do capital estrangeiro, cedente da tecnologia, ao convencimento dos empresários brasileiros estabelecidos como empreiteiros, banqueiros, mineradores, fabricantes de celulose e papel, para ingressarem no desconhecido e complexo mundo da indústria química, de riscos incalculáveis, muito se deve a Otto Perrone. As habilidades de Perrone garantiram um excelente convívio com os governadores da Bahia que apoiaram os projetos de forma plena. Luiz Viana Filho, Antonio Carlos Magalhães e Roberto Santos estiveram ao seu lado por todo o tempo da construção do Polo e ele fez tudo sem falhas ou deslizes.

Trago comigo a satisfação de ter convivido com Otto durante os anos que trabalhei no BNDES, no Rio de Janeiro, representei este banco no CDI, em Brasília, e dirigi empresas do Polo, em Camaçari. Pude testemunhar sua competência e capacidade de realização. A Bahia jamais vai se esquecer de Otto Vicente Perrone e seu nome será sempre lembrado pela contribuição que deu ao desenvolvimento do Estado.

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