Responsável pelo roteiro, o professor de história da Estácio Rodrigo Rainha lembra que essa edição também está relacionada ao calendário de eventos em comemoração ao Dia da Consciência Negra. “A ótica da Consciência Negra pelo aspecto da reparação é fundamental, mas também temos de pensar e lembrar como nossas culturas e praticas estão presentes dentro da cidade e não são reveladas, não são discutidas, são sempre relegadas a um segundo plano”, afirma.
Por conta disso, durante a parada em cada um dos cinco pontos previstos no roteiro, serão contadas histórias passadas e presentes dos negros, além de fatos, personagens históricos, curiosidades, informações urbanísticas e arquitetônicas.
“Logo na saída do campus da Estácio, da antiga fábrica da Fratelli, a gente encontra uma igreja que é símbolo dessa resistência negra, há lá um sincretismo institucionalizado, com um culto híbrido, com tradições afro e cristãs”, comenta Rainha. Ainda nesse ponto, será lembrada a constituição da Feira de São Joaquim e o aparecimento dos primeiros escravos de ganho, responsáveis por movimentar o comércio na Cidade Baixa.
A própria chegada da fábrica de refrigerantes na região está relacionada a uma tentativa de reorganização social e étnica. “A fábrica estimula a presença de imigrantes, que passam a ocupar as posições mais privilegiadas, enquanto os negros continuam nos graus mais baixos da hierarquia. Enquanto isso, na Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia surgem as teses de Nina Rodrigues de branqueamento e eugenia”.
O roteiro contempla ainda uma parada pela Praça Irmã Dulce e pelo Colégio Militar. “Vamos contar como a polícia surge vinculada à escravidão, com o objetivo de capturar escravos fugidos. Lembramos também como essa região foi onde se deu a articulação de movimentos de resistência populares”, adianta. O passeio todo feito a pé deve durar aproximadamente duas horas e se encerra na Igreja do Bonfim.
Fonte: Jornal Correio da Bahia.