Considerado uma espécie de “prévia” do Produto Interno Bruto (PIB), o IBC-Br serve como parâmetro para avaliação do ritmo da economia brasileira ao longo dos meses. Apenas em setembro, o índice registrou alta de 0,40% em relação ao mês anterior, após ter cedido 0,37% em agosto. Medido em pontos, o indicador passou de 135,20 para 135,74 pontos em setembro. Em 2017, a alta acumulada do IBC-Br é de 0,43%, considerando a série sem os ajustes sazonais.
Para o economista João Fernandes, da Quantitas Asset, a alta do IBC-Br em setembro está ligada ao cenário positivo da indústria e do comércio. “O crescimento do comércio tem sido impulsionado pelo processo de redução de dívidas das famílias, pela reversão do mercado de trabalho e pelos efeitos da política monetária”, explicou o economista, em referência ao atual ciclo de cortes da Selic (a taxa básica de juros da economia).
De fato, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a indústria registrou um crescimento de 0,2% em setembro e acumula, no ano, um crescimento de 1,6%. Já o comércio cresceu 0,5% em setembro e 1,3% no acumulado do ano.
Por outro lado, Fernandes afirma que o setor de serviços ainda não reagiu. Segundo ele, isso é esperado, porque o setor, historicamente, demora mais para responder às oscilações da economia, tanto nos momentos de retração quanto nos de expansão. “O consumidor tende a substituir mais facilmente o seu consumo de bens do que o de serviços”, avaliou. Os serviços registraram queda de 0,3% em setembro e de 3,7% no acumulado dos três primeiros trimestres.
O economista Alexandre Espírito Santo, da Órama Investimentos e professor da PUC-Rio, afirmou que o fato de o consumo das famílias ainda ser o único impulso para a retomada da economia tem feito o IBC-Br oscilar nos últimos meses. O indicador, que subiu em setembro, havia recuado em agosto.
“A saída da recessão está sendo muito lenta porque, do ponto de vista da demanda, o empresário ainda não voltou a investir e o governo não tem condições de aumentar gastos. Então, a recuperação está muito concentrada no consumo das famílias”, disse.
Na visão do próprio BC, embora o consumo seja importante para essa recuperação, a retomada dos investimentos produtivos no País seria o próximo passo para garantir um crescimento sustentável. A instituição projeta alta de 0,70% para o PIB em 2017 e avanço de 2,2% em 2018. “O investimento será o principal impulso em 2018”, avaliou Fernandes, da Quantitas. “Não há mais espaço para crescer baseado só em consumo.”
Fonte: Jornal Correio da Bahia.