As exportações de frutas e outros produtos agrícolas já representam mais de um quarto das mercadorias que circulam pelo Terminal de Contêineres do Porto de Salvador – Tecon, no bairro do Comércio. São mais de 710 mil toneladas de mercadorias vindas do campo, entre janeiro e agosto deste ano.
Entre as principais cargas estão celulose e papel, alimentos em geral – principalmente café, cacau e derivados – além de sucos, polpas de frutas e produtos têxteis como algodão e produtos da pecuária como cortes de aves e couro bovino. O terminal ainda envia para outros países o café do Sudoeste da Bahia, o feijão produzido no Tocantins, a laranja e o açúcar de Sergipe.
Segundo a administração do Tecon, em época de colheita de safra, as operações gerais de exportação por Salvador crescem mais de 20%. Em alguns casos, a elevação ultrapassa este percentual. O escoamento do limão produzido na Bahia, Sergipe e Norte de Minas, por exemplo, foi 34% maior do que em 2017.
“Temos orgulho em participar ativamente de uma logística que, dentro do menor tempo possível, precisa ser hábil para receber e embarcar os contêineres refrigerados cheios de frutas nos navios que seguem para Europa e Estados Unidos, maiores centros consumidores”, afirma Patrícia Iglesias, diretora comercial do Tecon Salvador.
Na primeira safra do ano, as operações de escoamento das uvas da Vale do São Francisco cresceram 68%, comparadas com o mesmo período do ano passado. Até dezembro, o intenso movimento de cargas deve se repetir com a safra de manga, vinda também do Norte da Bahia.
“Sabemos da alta concorrência que nossas frutas enfrentam no mercado exterior, assim é preciso que cheguem em sua melhor qualidade, no menor tempo e com preço competitivo. Entendemos o potencial exponencial de crescimento que o Vale do São Francisco tem e buscamos nos equipar para apoiá-los nas exportações e assim difundir o nome da região pelo mundo”, acrescenta Patrícia Iglesias.
No primeiro semestre foram embarcados mais de 400 contêineres de limão, 278 de açúcar, 112 com cortes de carnes de aves, bovinos e jegues. Ano passado, no total, foram movimentados 195.669 contêineres entre exportação, importação e cabotagem. E a expectativa é a de que a movimentação se torne ainda mais intensa a partir do próximo ano. Isso porque desde junho o terminal baiano passou a ser o segundo do país autorizado a receber e operar navios de 366 metros de comprimento, com capacidade para transportar volumes acima de 14 mil contêineres de uma só vez.
A logística é o tema do 7º Seminário do Tecon, marcado para a próxima quarta-feira em Salvador. O evento vai reunir empresas de todo o Brasil e representantes do trade de comércio interno e externo. Eles vão discutir soluções e inovações para a cadeia logística nos portos. Este ano, o foco principal do evento será a gestão de pessoas. Também vão ser discutidas as dificuldades para obter profissionais qualificados, o futuro do mercado de trabalho no setor e as experiências bem-sucedidas com empresas de serviços específicos. Entre elas a startup i4Sea, que oferece um sistema de diagnóstico da influência do mar nas operações de navegação.
Superávit
Segundo dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, a Bahia atingiu a marca de US$ 6,15 bilhões em exportações entre janeiro e setembro deste ano. O valor é 2,34% maior do que o registrado no mesmo período de 2017. Inclui todos as mercadorias exportadas, entre eles polímeros, gasolina, ferros, alimentos, hidrocarbonetos e outros produtos manufaturados.
A Bahia continua ocupando a nona posição entre os estados que mais exportam, e tem assegurada 3,4% de participação nas exportações brasileiras. Este ano, até agora, o estado acumula um superávit comercial de US$ 417,82 milhões de dólares.
Soja
Entre janeiro e setembro deste ano, as exportações baianas de soja atingiram a marca dos US$ 978,2 milhões de dólares. Nestes meses, a Bahia enviou para outros países mais de 3 milhões e 630 mil toneladas de soja. O volume exportado é 5,3% maior do que no mesmo período do ano passado, segundo dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços. Já as exportações de farelo de soja e resíduos da extração do óleo cresceram 51% frente ao mesmo período de 2017.
Atualmente, a soja representa 16% do volume total das exportações baianas. Somando-se a este percentual os 5,4% das exportações do farelo e do óleo, o complexo soja equivale a 21,4% de tudo que foi exportado pela Bahia.
O Oeste da Bahia produziu mais de 6,3 milhões de toneladas de soja e mais de 95% dos grãos já foram comercializados, só restam 5% para negociação. Muitos grãos estão na área do terminal de Cotegipe à espera de navios (foto: divulgação) |
O volume é três vezes maior do que as exportações de automóveis. De acordo com os dados, os veículos representam 7,4% das mercadorias produzidas aqui no estado e enviadas para outros países. Até agora, a venda de automóveis rendeu US$ 455,68 milhões. Quase metade do obtido com as exportações de soja. O volume individual de exportações do grão só é superado pelo percentual da celulose, que corresponde a 18% do total.
Plantão
Operações de escoamento da soja baiana vão avançar até janeiro. Tem até “Overbook” de navios para exportar os grãos. Para transportar tanta soja, o principal porto de escoamento do grão na Bahia não dorme. Os caminhões carregados de soja não param de chegar ao Terminal Portuário de Cotegipe, na baía de Aratu, em Salvador. O porto particular é responsável pelo escoamento de mais de 90% da soja produzida no estado.
Navio graneleiro recebe carga de grãos no Terminal de Cotegipe (foto: Divulgação) |
Na avenida que dá acesso ao terminal, perto da estrada da Base Naval, a fila é imensa e chega a mais de quarenta carretas por dia. As equipes se revezam para agilizar as operações de embarque nos navios graneleiros, com capacidade para transportar até 66 mil toneladas do grão. Em média, são necessários dois dias e meio para encher o porão de cada embarcação.
Ainda este ano, mais de trinta navios de grande porte devem atracar no porto, entre eles o Red Lotus, de bandeira panamenha, e o Sitc Huashan, com bandeira de Hong Kong.
“Entre julho e agosto, o volume de exportação chegou a diminuir por conta da superlotação no destino, quando muitos navios ficaram com restrições de saída. Mas agora a programação está intensa”, diz Jorge Pessôa, Diretor de Operações do Terminal Cotegipe.
Pela primeira vez o escoamento deve avançar até 2019, cinco meses além do período normal. “As operações devem se estender até janeiro, quando devemos receber pelo menos mais seis navios. Talvez até fevereiro. Este é um movimento totalmente atípico, por conta do grande volume de produção. E já tem empresa pedindo para entrar no lugar, caso haja alguma desistência. É como se estivéssemos com overbook de navios”, conclui Jorge Pessôa, que no ano passado já tinha estendido as operações até dezembro.
Este ano, o Oeste da Bahia produziu mais de 6,3 milhões de toneladas de soja. Um volume que superou as expectativas iniciais dos próprios produtores rurais. Segundo a Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), mais de 95% dos grãos já foram comercializados, só restam 5% para negociação. “Ainda temos muita soja armazenada nos silos das fazendas e contratos para serem embarcados até o fim do ano”, confirma Celestino Zanella, Presidente da Aiba.
A Bahia é responsável hoje por 5% da produção nacional de soja e por 58% da produção nordestina. E vem mais grãos por aí. Com o fim do vazio sanitário da soja, nesta segunda-feira começa o plantio da próxima safra. Os agricultores já estão preocupados com os novos problemas que podem surgir no armazenamento e no transporte.
“Esta soja que será plantada agora começara a ser colhida a partir do dia dez de janeiro de 2019. Ou seja, em plena colheita da próxima safra ainda estaremos escoando a anterior. Isto aumentará a demanda por portos. Vamos precisar de mais fluidez no transporte, e reavaliar os custos de produção e do frete. Mas sempre mantemos a perspectiva de que um ano vai ser melhor do que o outro”, acrescenta Zanella.
Recorde
O desempenho da Bahia no mercado da soja acompanha uma tendência nacional. Segundo o Ministério do Comércio Exterior, entre janeiro e setembro, o Brasil exportou 69,21 milhões de toneladas da commodity. O volume é 1,5% maior em comparação com a soja que foi exportada ao longo de todo o ano passado.
De acordo com a Scot Consultoria, a guerra comercial entre Estados Unidos e China, a quebra na safra da Argentina e a valorização do dólar influenciaram no crescimento dos embarques.
Principais exportações baianas de janeiro a setembro de 2018
Celulose: 18%
Soja: 16%
Farelo e Resíduos da extração de óleo de soja: 5,4%
Automóveis de passageiros: 7,4%
Óleos combustíveis (óleo diesel, Fuel-Oil, etc): 6,2%
Demais produtos manufaturados: 5,5%
Cátodos de Cobre: 3,6%
Demais produtos semimanifaturados: 3,3%
Hidrocarbonetos e derivados: 2,6%
Polímeros: 2,3%
Compostos de funções nitrogenadas: 2,1%
Cobre em Barras, perfis, fios, chapas, folhas e tiras: 1,9%
Pneumáticos: 1,9%
Ferroligas: 1,7%
Algodão: 1,7%
Manteiga, gorduras e óleo de cacau: 1,5%
Magnésia calcinada a fundo e outros óxidos: 1,3%
Calçados: 0.49%
Fonte: Jornal Correio da Bahia