É notório que a pandemia do novo coronavírus e a crise sanitária por ela provocada causaram uma grande depressão econômica e social em todo planeta. Porém, alguns países demonstraram maior preparo e estão conseguindo minimizar as suas consequências, o que deixa evidente que só a reclamação não é suficiente para resolvermos os problemas. “É preciso envolvimento e participação de todas as camadas da sociedade”, frisa o ativista da função social da empresa e coordenador do núcleo jurídico da Associação Comercial da Bahia, Paulo Cavalcanti.
Segundo o ativista, vivemos em um regime republicano, onde a participação democrática é um direito inalienável. Não é possível imaginar nem aceitar que a participação social das pessoas se esgote no momento em que os representantes são eleitos, seja o presidente de uma entidade de classe, o síndico do condomínio, um vereador, um prefeito, um governador, um deputado, um senador ou até mesmo o Presidente da República.
“Se faz urgente e necessário fortalecermos no Brasil uma cultura participativa. O cidadão comum, os empresários, os líderes públicos, todos precisam se conscientizar que é a partir da participação social organizada que se constrói as bases para a garantia dos direitos constitucionais, inclusive as garantias individuais. Temos que aprender a normalizar a discussão, a explanação e o confronto de ideias, nos questionar sobre o que está certo e o que precisa ser mudado”, avalia Cavalcanti.
Apenas criticar entidades, governo, políticos e o país não vai funcionar. Não tem como uma democracia evoluir sem o exercício da participação. A atuação democrática não pode ser resumida à vontade da maioria. É necessário ter consciência de que cada um precisa se educar, dizer o que pensa, decidir conjuntamente – inclusive nas reuniões de condomínio.
“É com equilíbrio, sem fugirmos das nossas responsabilidades e obrigações sociais, que podemos nos tornar sujeitos ativos na retomada do desenvolvimento social e econômico, sem perdermos nossos princípios fundamentais, o direito à liberdade, à propriedade, à livre iniciativa. Bem estar social também envolve ter os seus direitos respeitados, além do respeito aos direitos do outro. Isto é viver em democracia”, aponta o coordenador do núcleo jurídico.
Sem educação não existe democracia e um grande aprendizado na atualidade é a necessidade de a população civil se organizar. Inclusive, as associações de classes produtivas que, se não se unirem e começarem imediatamente uma campanha de conscientização, perderão uma grande oportunidade de mudar o país. “Precisamos urgentemente de reformas política, administrativa e tributária. E é através da conscientização e da participação social que alcançaremos este objetivo. É chegada a hora da mobilização de todos os cidadãos brasileiros. Precisamos de exemplos. Vamos juntos fazer essas mudanças”, finaliza.
*ACB em Foco – Publicada às quartas-feiras, a coluna cobre a atuação da Associação Comercial da Bahia na defesa do empresariado baiano