O embaixador Rubens Ricupero visitou a Associação Comercial da Bahia na manhã desta terça-feira, 12, para lançamento e sessão de autógrafos do livro “A diplomacia na construção do Brasil”. Testemunha e protagonista das últimas cinco décadas da diplomacia brasileira, o escritor desvenda a trama de influências nacionais e internacionais desde 1750 até os dias de hoje.
Defendido por editores como a mais completa e atualizada história das relações do Brasil com o mundo, trata-se de um livro decisivo para a compreensão de nossa história – utilíssimo para estudiosos das ciências sociais em geral e indispensável para os que se dedicam às relações internacionais.
“Não consegui encontrar nas livrarias o livro que procurava quando comecei a dar aulas de história das relações internacionais do Brasil, quarenta anos atrás. Precisava de um texto que me ajudasse a ensinar como a política externa era um fio inseparável da trama da história nacional, uma parte integral de tudo o que acontecia naquele momento, ligada, não separada da sociedade como um todo”, disse Rubens Ricupero, sobre a motivação para escrever “A diplomacia na construção do Brasil”.
Além de narrar uma história, a da política externa, o autor revela que procurou mostrar como a diplomacia ajudou a dar forma à história e à identidade do Brasil. “Por exemplo, o pacifismo, a tendência de resolver conflitos pela conciliação, a negociação, a transação, a repulsa à violência, ao militarismo, à conquista pela força, a opressão de outros povos. Ainda que essa imagem seja interesseira, que não corresponda inteiramente à realidade, a própria escolha desses valores é melhor do que se imaginar como povo conquistador, predestinado a impor a democracia ao mundo, com direito a anexar território dos vizinhos, ideologias frequentes em muitos países”, comentou Ricupero.
Publicado pela editora Versal Editores, com 784 páginas, belas ilustrações e fino acabamento gráfico, “A diplomacia na construção do Brasil” se dirige não apenas aos professores e estudantes de relações internacionais, ciências sociais, diplomatas, internacionalistas, mas aos leitores que se interessam pela história do Brasil e querem compreender como o país se relacionou com o mundo exterior e foi influenciado por acontecimentos e tendências externas.
Segundo o autor, mesmo aqueles que tentam entender porque o Brasil mergulhou na profunda crise atual talvez encontrem no texto algumas reflexões úteis. “Evitei o tom apologético das histórias antigas, para as quais o governo brasileiro sempre tinha razão”, pontua.
Rubens Ricupero contou ainda que concluiu o texto do livro pouco depois do impeachment de Dilma Rousseff. “Escrevi o fecho definitivo durante a sucessão de crises que ameaçavam, e ainda ameaçam, engolir Michel Temer. Durante esse pesadelo de meses, escrever a cada dia um pedacinho da relação do Brasil com o mundo me forneceu o antídoto de que precisava contra a desesperança. Tentei narrar como um país fraco e pobre, colônia de uma quase colônia, construído sobre o trabalho dos escravos e o sofrimento dos humildes, gradualmente aprendeu a afirmar um espaço crescente de autonomia na busca de seus interesses”.