O Instituto Rômulo Almeida de Altos Estudos (IRAE) promoveu nesta segunda-feira (09/05) o III Seminário “O novo ciclo desenvolvimentista da Bahia, do Nordeste e do Brasil”. O evento aconteceu no Salão Nobre da Associação Comercial da Bahia e foi aberto com uma palestra magna do senador Cristovam Buarque com o tema “Planejamento Estratégico Nacional para o Desenvolvimento Educacional e Social Regional”.
Em sua apresentação, o senador compartilhou sua experiência como ministro da Educação, entre 2003 e 2004, e como criador do projeto Bolsa–Escola, implantado pela primeira vez em seu governo no Distrito Federal. “Da mesma forma que o poeta Castro Alves falou nesta casa pela abolição da escravatura, da mesma forma que o estudioso Rômulo Almeida falou pelo desenvolvimento, eu venho aqui falar a vocês sobre a necessidade de um eficiente sistema educacional para o Brasil”, destacou Cristovam Buarque.
Como exemplo de que o país precisa avançar para conquistarmos uma boa educação, o senador Cristovam Buarque lembrou que 40 anos atrás tínhamos o mesmo número de patentes da Coreia do Sul. “Hoje, a nação asiática produz 12 vezes mais patentes do que o Brasil, sinal de que o seu modelo de desenvolvimento, lastreado numa educação de qualidade, segue uma trajetória correta”, apontou.
Como apresentou Cristovam Buarque, a educação é um processo de acúmulo de conhecimento, não de consumo de aulas. Segundo ele, as salas de aula de nossas faculdades estão parecendo restaurantes, onde se consomem aulas.
“Pela baixa qualificação dos alunos, o aumento nas vagas do ensino superior não trará o resultado desejado. Elas fracassarão como construtoras de conhecimento de alto nível. A solução está no avanço, pelo qual todos que desejem um curso superior tenham tido um Ensino Médio com qualidade e possam cursá-lo com a base educacional que os tempos atuais exigem”, disse.
Enfático, o senador disse que é na escola que o Brasil vai decidir se quer ou não ser uma grande nação. “A fonte do progresso é o conhecimento. Não podemos mais desperdiçar cérebros neste país. É com a valorização da escola que vamos aproveitar melhor a potencialidade do nosso povo”, defendeu.
O presidente da ACB Luiz Fernando Studart Ramos de Queiroz também falou na abertura do Seminário, defendendo o desenvolvimento do ensino, da pesquisa e da inovação. “Talvez, por termos uma educação tão voltada ao passado, e tão pouco instrumental, a atividade de pesquisa e inovação, quer na área pública, quer na privada, sejam tão deficientes entre nós. Sem um forte desenvolvimento nessa área, as possibilidades de desenvolvimento e transformação ficam muito limitadas”, argumentou.
Luiz Fernando aproveitou a oportunidade para ainda elogiar a iniciativa do IRAE em homenagear “um dos economistas mais importantes da Bahia e do Brasil”.
“De porte internacional, Rômulo Almeida foi um grande amigo desta casa, com seu retrato entronizado na sala do nosso Conselho Superior. Ele deu a base teórica da atuação da Associação Comercial da Bahia, em prol do desenvolvimento do país e da sua atividade empresarial”, destacou o presidente da ACB.
Após a palestra, o professor Amilcar Baiardi, membro da diretoria do IRAE, conduziu um debate com a plateia.
O Seminário teve prosseguimento à tarde, com a palestra do professor Dr. Valdemar Sguissardi, que abordou como tema ‘Expansão da educação superior no Brasil – quando o polo privado-mercantil se sobrepõe ao polo público do Estado’. Na sequência, palestrou professor Dr. Justino Sousa Junior, que flou sobre “A educação básica no plano nacional de educação e planos estaduais e o desenvolvimento econômico e social”.