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Tudo em casa: conheça histórias de empresas familiares que dão certo

Algumas chegam a ter faturamento anual de R$ 100 milhões

  • 30 de outubro de 2017 - 14:22

Família que trabalha unida… permanece unida? Talvez não seja a regra sempre, mas é bem possível que famílias não apenas permaneçam, como também enriqueçam juntas. E se muitas compartilham receitas entre si, há aquelas que partilham o caminho para o sucesso nos negócios familiares.

É difícil estimar quantas empresas desse tipo existem hoje no estado. Nem a Junta Comercial da Bahia (Juceb), nem o IBGE têm dados quanto ao número de empresas geridas por sócios com parentesco no estado. Mas, por outro lado, é bem provável que todo mundo conheça a história de alguém que montou um negócio com a mãe, com o marido, o pai, os filhos e até com os cunhados – e deu certo. Por isso, o CORREIO decidiu contar alguns desses casos, incluindo desde empresas antigas até aquelas que estão dando os primeiros passos.

“A vantagem de trabalhar com a família é que você já conhece as pessoas, você já tem um bom nível de relacionamento. São pessoas que você já confia”, diz o especialista em empreendedorismo e mercados José Nilo Meira. E é justamente por conhecer o perfil dos parentes que é possível desenvolver um projeto baseado nessas características, de acordo com o orientador de negócios Fabrício Barreto, do Sebrae-Bahia. “Você pode analisar os riscos do desenvolvimento profissional com base na pessoa, porque conhece as forças e a oportunidade de melhoria dessa parceria”.

No entanto, ainda que sem estatísticas oficiais, nos últimos anos, os negócios familiares até diminuíram, segundo Barreto. “Antigamente, as pessoas se envolviam muito. Hoje, cada um tem sua atribuição e é até uma necessidade de muitos pais não ter essa sucessão, porque os filhos querem fazer outra coisa”, analisa.

Mesmo assim, para prosperar, essas empresas precisam definir bem o que cada parente vai fazer, dentro da estrutura da instituição. “Quando você faz o planejamento, entende e aproveita a expertise de cada um, você só tem a ganhar”, afirma. Mas seja qual for a estrutura, a figura do líder deve existir. “E o líder tem que ter visão de liderança mesmo. Tem que saber dar espaço, administrar as influências que podem acontecer em função do grau de parentesco”, conclui Barreto.

Até porque, como explica o especialista em empreendedorismo e mercados José Nilo Meira, o principal desafio costuma ser evitar a mistura de relações familiares com relações comerciais.

“O grande problema da empresa familiar é que, às vezes, eles confundem, levam problemas da família para a empresa e vice-versa. Tem que blindar isso”, diz ele, sugerindo a criação de um acordo de sócios firmado com auxílio de consultoria jurídica.

Morais de Castro: Do escritório de 38 m² para o terreno de 13.000 m²

Quando tinha 16 anos, em 1960, Eduardo Morais de Castro viu seu pai, Álvaro, montar uma pequena empresa de importação de produtos químicos. A ideia do chefe da família era oferecer algo que ainda não existia em Salvador, bem como produtos que não eram produzidos em terras brasileiras.

Com uma equipe formada apenas pela esposa e pelos cinco filhos, a empresa começou as atividades em um escritório de 38 m² – a sala 505 do Edifício Larbras -, na Avenida Estados Unidos, no Comércio. O nome não podia ser mais familiar: ali, era fundada a Morais de Castro.

Desde 1960, a razão social se manteve a mesma. A diferença é que, hoje, a Morais de Castro ocupa um terreno de 13 mil m² (sendo 4,4 mil m² de área construída), em Porto Seco Pirajá, e tem 75 funcionários. O faturamento chegou a R$ 91 milhões no ano passado e a expectativa é que ultrapasse os R$ 100 milhões este ano.

André, Maria, Eduardo e Valter Morais de Castro: família construiu império com faturamento anual de quase R$ 100 milhões (Foto: Reprodução)

O jovem Eduardo, que começou trabalhando como office boy, hoje é empresário e um dos oito membros do Conselho Administrativo da empresa, ao lado de uma de suas irmãs – os pais e os outros irmãos faleceram. Hoje, além dos dois, um de seus filhos e um cunhado continuam trabalhando no negócio.

“A Morais de Castro ainda é uma empresa familiar, mas com administração profissional. Nos últimos quatro anos, tivemos a colaboração da Fundação Dom Cabral e creditamos parte de nosso crescimento a essas ferramentas”, comemora Eduardo, reforçando que a empresa é a 74ª que mais cresce no Brasil e a 5ª na Bahia, de acordo com a revista Exame.

O perfil mudou um pouco: antes, a importação ia desde a soda cáustica para revender a indústrias de sabão até incensos da Etiópia e goma-laca da Índia. “No decorrer da evolução da sociedade, passamos a produtos mais sofisticados. Esses antigos foram praticamente descartados, com exceção da soda cáustica”. Hoje, os produtos incluem acetona, carbonato de sódio e peróxido de nitrogênio. A lista de clientes inclui desde gigantes como a Braskem e a Dow até pequenas indústrias do interior do estado.

Em alguns momentos de sua história, a Morais de Castro chegou a ser uma empresa bilionária. No entanto, o empresário credita os números às moedas brasileiras anteriores ao real, que eram muito desvalorizadas.

Qual é o segredo do sucesso? Além de reinvestir o que lucram, preservar a ordem familiar de uma forma que não contamine o ambiente da empresa. “A nossa grande sabedoria, que vem de meu pai e depois veio comigo, é que não permitimos que a empresa fosse contaminada com a família. Não se tinha um cabide de empregos ali dentro. Quem estava ali foi por competência, não por ser família”, comenta.

Mesmo como empresa familiar, ele garante que a Morais de Castro tem uma governança muito rígida. E, diante de uma história tão exitosa, o filho de Eduardo, André Morais de Castro, hoje um dos executivos da empresa, diz que a maior vantagem é a experiência dos parentes.

“Você vê que as pessoas que administraram a empresa nesse tempo todo dão uma referência. As crises que a gente passa hoje guardam alguma similaridade com alguma do passado, então, você tem alguns ‘anticorpos’ para saber como lidar”. E, só para completar: mesmo depois de tantos anos, por questões afetivas, o primeiro escritório da Morais de Castro, lá na Avenida Estados Unidos, ainda pertence à empresa.

Fonte: Jornal Correio da Bahia.

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