Por isso empresários e representantes da sociedade civil defendem a criação de um órgão capaz de prover um ordenamento dessa Zona Econômica Exclusiva (ZEE). A articulação para resolver este problema foi o principal tema debatido ontem no Fórum Internacional de Gestão de Baías, realizado pelo CORREIO Sustentabilidade na sede da Fecomércio-BA.
“Quando chegam aqui, os investidores estrangeiros não sabem para onde ir e a quem recorrer. Se aportarem na Baía de Todos os Santos com uma mala de US$ 500 milhões para investir eles vão falar com quem?”. O questionamento, levantado por um dos organizadores do evento e diretor do Worldwatch Institute no Brasil (WWI-Brasil), Eduardo Athayde, reafirmou a necessidade de se despertar para a importância da economia do mar.
“É um setor que movimenta cerca de US$ 2 trilhões ao ano, segundo dados de estudo do WWI. O Brasil tem a nona maior ZEE do mundo”, destacou o também diretor da Associação Comercial da Bahia (ACB). A entidade quer atrair uma das sedes do maior buscador de pesquisas do mundo para Salvador, aproveitando a representatividade da BTS dentro da Amazônia Azul. “O Google tem interesse nisso”, garantiu.
Mais um motivo para que o presidente da ACB, Adary Oliveira reforce o interesse por um plano diretor específico para a região. “A BTS precisa de um plano diretor para ordenar o seu zoneamento”.
Governança
No entanto, gerir toda riqueza que existe entre o Porto da Barra, em Salvador, e a Ponta do Garcêz, em Jaguaripe, vai exigir articulação. Por isso, ações do setor público em consonância com o setor privado já começam a apontar caminhos para a BTS.
Segundo o secretário municipal de Cultura e Turismo (Secult), Cláudio Tinoco, com a instalação do Comitê de Economia Náutica, Salvador irá implementar, no ano que vem, o Plano de Gerenciamento Costeiro. Também está prevista a elaboração de um Plano de Desenvolvimento de Turismo Sustentável nas Ilhas da cidade. “É uma iniciativa que visa garantir não só a melhor gestão, mas o melhor controle da Prefeitura com infraestrutura e disciplinamento em toda Costa da BTS”.
Investimentos em infraestrura também devem chegar em breve. Durante o evento, o secretário estadual de Turismo, José Alves, confirmou a realização no final do mês de dezembro das licitações de quatro obras de intervenções náuticas e outras no Museu Wanderley Pinho (em Caboto), junto com a requalificação urbana da Marina da Penha e de Monte Serrat. As obras fazem parte do Programa Nacional de Desenvolvimento do Turismo (Prodetur) e envolvem investimentos estimados em US$ 54 milhões. “Com infraestrutura vamos dotar a Baía com um ‘produtaço’ para vender o ano todo”, pontuou.
O chefe da Assessoria de Projetos e Parcerias do Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur), Marcos Lomanto também trouxe contribuições. “O que eu sugiro é, a partir deste encontro, pensar projetos e apresentá-los ao Ministério do Turismo. Com isso é possível gerar uma Bolsa de Negócios para buscar mais investimentos na BTS”.
Ao final do evento, o gestor do Observatório da Baía de Todos os Santos, Moisés Cafezeiro, presenteou a presidente do Clube das Baías Mais Belas do Mundo e uma das palestrantes do evento, a portuguesa Maria das Dores Meira, com uma réplica de um saveiro vela de içar, feito em Vera Cruz, na Ilha de Itaparica. A Baía de Todos os Santos integra o seleto grupo de 43 baías desde o ano passado. “Ficará na sede do clube, na França”, disse ela.
O III Fórum Internacional Gestão de Baías é uma realização do Correio Sustentabilidade, que conta com o apoio institucional da Prefeitura Municipal de Salvador, apoio da Odebrecht, Mais Belas Baías do Mundo, Marinha do Brasil, Lide, Associação Comercial da Bahia, Fecomércio-BA e WWI.
Fonte: Jornal Correio da Bahia.