Carregadores de celular, drives de computador e cartuchos de impressora são apenas alguns exemplos dos resíduos eletroeletrônicos que vemos nas lixeiras de Salvador diariamente. Em meio à “Era da Tecnologia da Informação”, a demanda por aparelhos como smartphones, notebooks e tablets é crescente, o que estimula o descarte inadequado desses equipamentos no ecosistema. Dados do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) estimam que a montanha de lixo eletrônico global cresça quase 42 milhões de toneladas todos os anos.
Cada vez mais modernos e repletos de recursos, novos celulares, computadores e demais equipamentos conquistam consumidores em todo o mundo. Depois de adquirirem as novidades, os amantes da tecnologia, contudo, desconhecem o que fazer com os aparelhos antigos, e o destino costuma ser a lata do lixo. (veja os locais no final da matéria).
“Meu smartphone antigo teve um problema e constatei que o conserto sairia mais caro que comprar um novo. Acabei adquirindo um modelo melhor e jogando fora o que não prestava mais”, afirma a estudante universitária Andreza Evany dos Santos, 21 anos. Sem saber, a jovem estava contribuindo com a possibilidade de contaminação do solo e de recursos hídricos com metais pesados, semimetais e outros compostos químicos que estão nos componentes internos dos eletroeletrônicos como televisores, celulares, notebooks e CPUs.
Impactos
“As partes constituintes dos equipamentos pós-uso são de difícil degradação pela natureza e algumas contém substâncias perigosas que, se incorporadas, podem prejudicar a saúde”, explica a professora doutora Viviana Zanta, coordenadora do Grupo de Resíduos Sólidos Urbanos da Ufba. “Além disso, qualquer descarte gera outros impactos negativos, como lançamentos de outros tipos de resíduos, o que vai comprometendo cada vez mais a salubridade do ambiente”, completa.
A professora esclarece que, em microcomputadores, o plástico corresponde a 23 % da massa do microcomputador, sendo que 15 % dessa massa possui retardantes de chamas. “Algumas dessas substâncias podem ser tóxicas e há também pigmentos e estabilizadores (chumbo, cádmio, níquel, etc) que, individualmente, também podem ser prejudiciais à saúde. Ressalto que o nível de periculosidade está relacionado às concentrações dessas substâncias no material, a forma como elas são liberadas no meio ambiente e a via de contaminação para os seres humanos e outras espécies. No entanto, práticas como a queima descontrolada dessas substâncias apresenta sérios riscos de liberar gases tóxicos cancerígenos ”.
Antes de se abordar a questão do descarte, porém, a especialista sugere que a sociedade adote um consumo mais consciente. “O primeiro questionamento que devemos fazer é se precisamos realmente adquirir cada vez mais novos produtos eletroeletrônicos. Você já pensou sobre quantas vezes nos últimos dez anos trocou de celular? ”
O que fazer
Em Salvador, a coleta de equipamentos eletrônicos é feita por ONGs, associações e empresas privadas que trabalham em parceria com cooperativas de reciclagem. Uma vez pesados, esses materiais são comercializados e reaproveitados para dar surgimento a outros produtos.
Um bom exemplo é a Cooperativa de Coleta Seletiva Processamento de Plástico e Proteção Ambiental (Camapet), sediada no bairro de Massaranduba. “Temos parceria com o instituto GEA, de São Paulo, que nos capacitou para fazer a desmontagem dos equipamentos eletrônicos”, explica a presidente da entidade, Michelle Almeida. “Pedimos aos parceiros, empresas privadas e demais entidades que nos procurem, em vez de descartar esses materiais inadequadamente”, acrescenta.
Os resíduos reaproveitáveis tratados pela Camapet são comercializados para uma segunda cooperativa, de São Paulo, sendo que muitos desses materiais acabam exportados para integrar a composição de joias caras, feitas com bronze, prata e ouro, transformando o lixo em luxo. “Os cooperados ainda conseguem incrementar a renda com esse trabalho”, diz Michelle.
A Camapet é parceira no Programa Recicla Já Bahia, que tem como foco a destinação adequada dos resíduos eletrônicos e mantém atualmente dez pontos de coleta no Centro Administrativo da Bahia (CAB). A iniciativa foi idealizada pela extinta Superintendência de Construções Administrativas da Bahia (Sucab) e teve suas funções assumidas pela Superintendência de Patrimônio, da Secretaria da Administração (Saeb).
A coleta é realizada mensalmente em parceria com a Camapet. Nos últimos dois anos já foram coletados cerca de 7 mil itens. A meta é atender à demanda dos servidores para descarte de objetos trazidos de suas casas. Por sua vez, o Parque Tecnológico também conta com coletores, que recebem, além dos materiais mais comuns, pilhas e baterias – normais e alcalinas -, que são consideradas lixo tóxico.
Confira alguns locais da capital baiana para descartar seu lixo eletrônico além das lojas de telefone celular:
Local | Endereço | Contato |
Fábrica Cultural |
Rua Rosalvo Barbosa, ao lado da Igreja São Jorge, na Vila Ruy Barbosa, na Cidade Baixa |
(71) 3316 – 1644. |
Projeto Inclusão Socio-Digital |
Centro Comercial Iguatemi, salas 122 e 123 |
(71) 3033-4821. Ou contato@inclusaosociodigital.com.br |
Shopping Bella Vista |
Alameda Euvaldo Luz, 92 – Horto Bela Vista, Salvador . Posto de coleta fica próximo ao Setor de Administração do shopping. Para descarte de celular, gabinete, mouse e teclado |
(71) 3038-8520 |
Salvador Shopping |
Av. Tancredo Neves, 3133 – Caminho das Árvores, Salvador . Aceita o descarte de pilhas e baterias |
(71) 3417-6001 |
JJ Lixo Eletrônico |
Rua Jogo do Carneiro, 54, Nazaré. |
(62) 3549-7688, sede da entidade, em Goiânia |
Salvador Norte Shopping |
BA-526, 305 – São Cristóvão, Salvador. Posto de coleta localizado no piso L1, ao lado do balcão de informações |
(71) 3417-6500 |
A coleta de resíduos eletrônicos fez parte do seminário Cidades, evento do Fórum Agenda Bahia 2017 realizado na sede da Federação das Indústrias da Bahia (Fieb), no Stiep.
O Fórum Agenda Bahia 2017 é uma realização do CORREIO, com apoio institucional da Prefeitura Municipal de Salvador (PMS), Fieb e Rede Bahia; patrocínio da Braskem, Coelba e Odebrecht; e apoio da Revita.